Orla Conde | Diário do Porto

Orla Conde

Os 3,5 quilômetros da Orla Prefeito Luiz Paulo Conde foram abertos para receber visitantes do mundo inteiro nos Jogos Olímpicos de 2016, os primeiros realizados na América do Sul. A obra marcou o reencontro entre a cidade e o mar, antes dramaticamente separados pelo Viaduto da Perimetral.

Ciclistas são frequentes na Orla Conde (Aziz Filho)

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A Orla Conde reaproximou a cidade e o mar (Aziz Filho)

Os 3,5 quilômetros da Orla Prefeito Luiz Paulo Conde foram abertos para receber visitantes do mundo inteiro nos Jogos Olímpicos de 2016, os primeiros realizados na América do Sul. As obras da Orla Conde marcaram o reencontro da cidade com o mar, antes dramaticamente separados pelo Viaduto da Perimetral. O caminho vai do Armazém 8 do Porto à Praça da Misericórdia, perto do Aeroporto Santos Dumont, onde está o Museu Histórico Nacional, já fora dos limites do Porto Maravilha. Pelo caminho, você vai se encantar com o conjunto de armazéns do Porto. É onde atracam os grandes navios de cruzeiros.

A Orla Conde foi toda arborizada, mas as árvores precisam de tempo para crescer. Enquanto a sombra não vem, se você for do tipo mais sensível ao sol, recomenda-se levar um chapéu ou boné, além do insubstituível filtro solar. Todo o percurso é voltado à circulação de pedestres e ciclistas em deques, calçadão, ciclovia, praças e áreas de convivência. Se você ou seu filho é fera no skate, é uma boa opção levá-lo. Toda a parte da Orla Conde que vai da Praça Mauá ao AquaRio, em frente aos barracões avermelhados, é cortada pelo charmosíssimo VLT, que mudou a mobilidade no Centro do Rio.

A Orla Conde percorre as mais mais importantes construções históricas e culturais do país. Algumas estão fora da área oficial do Porto Maravilha, mas é tudo pertinho. Dá para fazer o percurso caminhando. Veja a lista das principais atrações:

  1. Museu Histórico Nacional
  2. Ladeira da Misericórdia
  3. Museu da Imagem e do Som
  4. Instituto Histórico Cultural da Aeronáutica
  5. Centro Cultural do Ministério da Saúde
  6. Museu Naval Oceanográfico
  7. Paço Imperial
  8. Centro Cultural da Marinha
  9. Casa França Brasil
  10. Centro Cultural Banco do Brasil
  11. Centro Cultural dos Correios
  12. Mosteiro de São Bento
  13. Museu do Amanhã
  14. Museu de Arte do Rio
  15. Armazém da Utopia
  16. AquaRio

Você também pode imprimir o mapinha do Porto Maravilha com essas e outras atrações nas proximidades da Orla Conde, clicando aqui.


Quem foi Luiz Paulo Conde?

Luiz Paulo Conde (J. Freitas/ABr)

Emprestar o nome a uma obra urbana é a consagração de um homem público, ainda mais quando a homenagem é justa – e assim reconhecida pela população. É o caso da Orla Prefeito Luiz Paulo Conde, a Orla Conde, nome do arquiteto brilhante que entrou na Política para fazer da Arquitetura uma ferramenta ainda mais poderosa de transformação social. Sempre foi dele a paixão pela revitalização da Região Portuária, com o casamento da modernização de sua estrutura urbana com a valorização do patrimônio cultural e histórico. Exatamente como a Orla Conde. Ele planejou abrir bulevares para pedestres, inspirado nas Ramblas de Barcelona, na Espanha de seu sobrenome. Dos sonhos do político visionário nasceram também o túnel ligando a Barra a Sepetiba e o veículo leve sobre trilhos no Centro, entre muitas outras criações.

Conde tocou obras importantes na renovação da área central da cidade, como nas ruas Primeiro de Março e do Lavradio, bases do ressurgimento cultural e turístico da Lapa e do Centro Histórico. E teve a ousadia de promover, como secretário do prefeito Cesar Maia, intervenções revolucionárias como o Favela-Bairro, que jogou no passado as ideias de remoções sem responsabilidade social. O programa respeitou vínculos sociais e culturais, levando água, luz, rede de esgoto, espaços urbanos e programas sociais para os morros.

O desempenho do político-arquiteto teve reconhecimento internacional. Luiz Paulo Conde foi presidente da União das Cidades Capitais Ibero-Americanas (UCCI) e vice-presidente da Sociedade Mundial das Grandes Metrópoles, entre outras funções internacionais. Esteve no front da luta para trazer para o Rio a primeira Olimpíada na América do Sul. O sonho foi realizado, mas, infelizmente, um ano após a sua morte, que aconteceu em 21 de julho de 2015.

Filho do empresário e industrial espanhol Jose Ramon Conde Rivas e da cantora lírica e musicista Amália Lorenzo Fernandez, também de ascendência espanhola, o prefeito Conde foi um carioca da gema de 6 de agosto de 1934. Em 1959, casou-se com a arquiteta e artista plástica Rizza Conde, que tornar-se-ia uma das primeiras damas mais elegantes e cultas da história da cidade. Tiveram três filhos: Marcelo, Marcos e Maria Eliza. O primeiro trabalho de projeção dele foi como colaborador de Affonso Eduardo Reidy no projeto do Museu de Arte Moderna do Rio (MAM).

O escritório Luiz Paulo Conde e Arquitetos, em Santa Teresa, projetou 50 escolas e centros de treinamento poliesportivos para o Governo Carlos Lacerda. Fez a cidade ficar mais bonita, recebeu muitos prêmios e teve trabalhos expostos em várias cidades da Europa e dos Estados Unidos.

Conde foi professor e diretor da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro e duas vezes presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil. Foi jurado, a convite do governo francês, do concurso para o Museu de Artes e Civilizações, de Paris.

Luiz Paulo Conde era um professor nato. Cultivava longas conversas com leigos sobre assuntos da urbanidade, desde as relações humanas nas feiras livres ao papel do Art Déco na arquitetura carioca. Com a simplicidade de um ativista, jamais gabava-se da condição de quem, entre outras façanhas internacionais, havia julgado trabalhos de gênios como Norman Foster, Peter Eisenman e Jean Nouvel.

Luiz Paulo Conde foi prefeito do Rio entre 1997 e 2000. Foi também secretário municipal de Urbanismo e estadual de Articulação Governamental, Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Cultura. Seu último cargo público foi como presidente de Furnas, entre agosto de 2007 e setembro de 2008. Morreu de câncer, aos 80 anos, depois de garantir lugar de honra na galeria de estadistas do Rio de Janeiro.

Quando você ouvir falar da Orla Conde, já sabe como é nobre a história deste nome.