Grande Rio: na Baixada, uma escola de estrelas | Diário do Porto

Grande Rio: na Baixada, uma escola de estrelas

Vice-campeã de 2020 com uma homenagem ao pai de santo Joãosinho da Colmeia, a Grande Rio, de Duque de Caxias, é conhecida como escola das estrelas

Paolla Oliveira na Grande Rio para homenagear pai de santo (Raphael David/Riotur)

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Por pouco a Acadêmicos do Grande Rio não desbancou todas as veteranas do sambódromo em 2020. Não fosse o desfile deslumbrante da Viradouro, que cantou as Ganhadeiras de Itapuã, a escola de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, teria conquistado seu primeiro campeonato no Grupo Especial com o enredo Tatalondirá, o canto do caboclo no quilombo de Caxias.

A Grande Rio é uma das agremiações mais jovens do Estado, tendo sido criada em 1988. No desfile que garantiu o vice-campeonato, em 2020, contou a história do pai de santo Joãozinho da Gomeia. O abre-alas com tons terrosos e retalhos de panos e crochê teve também um “homem-pássaro”. Um dos destaques da escola, que sempre leva artistas globais para a Avenida, foi a volta da atriz Paolla Oliveira como rainha de bateria. Ela ficou dez anos fora do desfile.  

Primeiros passos em 1988

Em 1988, foi fundado o G.R.E.S. Acadêmicos de Duque de Caxias. Para que a agremiação fosse filiada à Associação das Escolas de Samba da Cidade do Rio de Janeiro, teria que ser oriunda de um bloco carnavalesco. Para tal, surgiu o G.R.B.C. Lambe Copo, no bairro Prainha. Tendo apoio das escolas da Associação, dos políticos do município, da população e dos sambistas, a Acadêmicos de Duque de Caxias elegeu sua primeira diretoria. Assim foram os primeiros passos da escola de samba Grande Rio.

Em 2018, Juliana Paes retornou ao cargo de rainha de bateria após 10 anos. Foto: Raphael David/Riotur

Milton Abreu do Nascimento, conhecido como Milton Perácio, foi eleito presidente, mas precisava de um patrono e um presidente de honra que tivesse influência para ajudar ou mesmo financiar o carnaval da escola. O convite foi aceito por Jayder Soares da Silva, que passou a ser o presidente de honra. O então deputado Messias Soares virou o patrono.

Jayder Soares sugeriu que se fizesse a fusão das agremiações em uma escola, que em 22 de setembro de 1988 passou a ser chamar Acadêmicos do Grande Rio. A escola de Caxias estreou na elite do samba carioca em 1991, mas retornou para o grupo de acesso já no ano seguinte.

A gangorra teve fim com o enredo “Águas claras para um rei negro“, e o título da Série A, em 1992. Desde então, a Grande Rio só cresceu entre as agremiações que disputam a primeira divisão do carnaval do Rio. Em 2003, já sob a batuta do carnavalesco Joãosinho Trinta, a escola conseguiu chegar ao pódio da disputa, ocupando a terceira colocação do grupo especial. Nesse ano, o enredo “O nosso Brasil que vale”, teve grande repercussão. A escola versou sobre a história da mineração no Brasil, com o patrocínio da Companhia Vale do Rio Doce.

Ivete Sangalo foi a grande estrela do carnaval do Rio de Janeiro, em 2017. Foto: Gabriel Monteiro/Riotur

Nos oito anos seguintes, a Grande Rio foi sucesso absoluto. Somente uma vez nesse período, a escola não voltou para desfilar no sábado das campeãs, sendo segunda colocada em três oportunidades, 2006, 2007 e 2010. Se o título tão sonhado pelos torcedores ainda não veio, a Escola voltou a fazer grandes carnavais nessa última década. Destaque para a terceira posição em 2015, com o enredo “A Grande Rio é do Baralho!”, sob o comando do carnavalesco Fábio Ricardo.

Em 2017, a escola resolveu colar na popularidade da cantora Ivete Sangalo e fez um desfile sensacional. Com a força e o carisma da baiana, a escola levantou a sapucaí e marcou em sua história um grande desfile. O título não veio, mas a festa na avenida foi empolgante. Ivete Sangalo apareceu em dois momentos, o primeiro na comissão de frente, e depois retornando na última alegoria, como grande homenageada. O quinto lugar conquistado, ao menos garantiu a repetição da festa no sábado das campeãs.

Renato Lage e Márcia Lage

Para o carnaval seguinte, a tricolor de Caxias contratou os experientes carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage que juntos assinaram os últimos quinze carnavais no Salgueiro. Eles desenvolveram o enredo “Vai para o trono ou não vai?”, que homenageou o centenário do comunicador Aberlado Barbosa, o Chacrinha.

No desfile, a escola fazia uma correta apresentação, mas último carro não entrou na avenida, e com atrasos e buracos na evolução, sem contar a perda de 0,5 décimos por estouro de tempo, a escola terminou em décimo segundo lugar. Seria rebaixada, retornando à Série A depois de 26 anos, mas a Liga Independente da Escola de Samba mudou a regra, e a agremiação continuará no Grupo Especial em 2019.

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