Para quem busca um roteiro com atividades culturais que juntam história com originalidade, o Rio de Janeiro é um prato cheio. Em cada canto do estado, museus com acervos únicos e exposições cativantes conquistam visitantes de todos os estilos. A enorme diversidade social, natural e cultural do Rio é refletida nestes museus, que guardam um pouco da história do lugar ou das pessoas que passaram por lá.
De arte religiosa a surfe e cachaça, confira seis opções de museus que representam a riqueza e a pluralidade do Rio de Janeiro.
Museu de Arte Sacra de Angra dos Reis
Considerado o mais importante em arte sacra no estado, o Museu de Arte Sacra de Angra dos Reis tem o acervo tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O espaço reúne cerca de dois mil itens em coleções de imaginária, prataria e indumentária datados entre os séculos XVII e XX.
Anualmente, o museu realiza exposições temáticas diferentes para tornar o acervo acessível à população. Criado em 1992, ele funciona como um espaço cultural e um templo sagrado, mantendo a tradição do culto a Nossa Senhora da Lapa e Boa Morte, com missas e outras celebrações em agosto.
O acervo do museu é composto por muitos objetos sacros pertencentes às irmandades já extintas do Santíssimo Sacramento, de Nossa Senhora do Rosário, de São Miguel e Almas e de Nossa Senhora da Conceição. É possível encontrar ex-votos ofertados à Padroeira Nossa Senhora da Imaculada Conceição. O Museu de Arte Sacra de Angra dos Reis oferece exposições que permitem uma reflexão sobre a história da Igreja Católica e o valor artístico e religioso das obras.
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Museu da Cachaça, Paty do Alferes
Primeiro do gênero do país, o Museu do Cachaça celebra a bebida que já foi a mais popular do Brasil, e continua um símbolo nacional mundo afora. A atração mostra o processo de envelhecimento e de engarrafamento da aguardente de cana-de-açúcar, e oferece duas adegas e um bar onde os visitantes podem provar e adquirir o produto.
Inaugurado em 1991 por um casal local, o acervo foi construído a partir de anos de pesquisa e algumas centenas de garrafas compradas em todos os cantos do Brasil, além de quadros, coleções de crônicas e artigos, livros especializados, trovas populares, um antigo mini alambique.
O museu também conta um pouco da história da cachaça, que remonta aos primórdios do século XVI e está associada ao passado colonial brasileiro.
Museu de Arte Contemporânea de Niterói
A icônica construção projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer em 1996 chama atenção de qualquer um que passe por Niterói. A forma revolucionária foi inspirada pela imagem de uma flor de lótus, símbolo da criação para os egípcios.
O salão hexagonal de exposições, aberto para a paisagem da Baía de Guanabara, traz a coleção João Sattamini de arte contemporânea brasileira, além de doações feitas por outros artistas.
O MAC tem várias atividades disponíveis, como visitas mediadas para grupos e orientadas para o público em geral, programa pedagógico para professores e estudantes de licenciatura, contação de histórias e seminários.
Espaço Cultural do Surfe, Cabo Frio
O Museu do Surfe é um espaço que celebra a história e cultura do surfe, o primeiro dedicado ao esporte no Brasil. Localizado na região da Costa do Sol, o museu é um reflexo da paixão de seu fundador, Telmo Moraes, e seu filho, Caio Teixeira.
A coleção inicial de cerca de 400 pranchas, revistas, camisas, troféus, skates, entre outros objetos, foi adquirida sem a pretensão de se criar um museu. Hoje, o museu oferece programas educativos e conta a história do surfe no Brasil e no mundo, além de destacar a técnica de fabricação das pranchas.
O acervo inclui pranchas raras das décadas de 50 e 60, troféus de campeões, camisas oficiais de campeonatos, pinturas e desenhos, skates, livros e muito mais. O museu apresenta o esporte como uma atividade saudável e influenciadora na moda e na música, e oferece atividades interativas para que os visitantes possam experimentar o esporte.
O Museu do Surfe é um exemplo de como um hobby pode se transformar em uma iniciativa única, que traz benefícios para a comunidade e ajuda a preservar a memória e cultura de uma região. É um lugar que mostra como o surfe pode ser mais do que apenas um esporte, mas um estilo de vida e uma fonte de inspiração para muitas pessoas.
Complexo Cultural Fazenda Machadinha, Quissamã
O Complexo Cultural da Fazenda Machadinha é um local para refletir sobre as relações entre territorialidade e ancestralidade negra. Resultado das políticas públicas que visam valorizar e promover a história, cultura e patrimônio local, o complexo foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC) em 1979.
A comunidade da Machadinha inclui a antiga Casa Grande, hoje em ruínas, a cavalariça, a capela de Nossa Senhora do Patrocínio e as senzalas. Ela é formada pela 8ª geração de descendentes dos escravos que pertenciam ao Visconde de Ururai e que permaneceram ali após a Abolição. Hoje, a comunidade sobrevive em um sistema de autogestão que conta com 47 famílias e mais de 200 pessoas.
Em 2001, a prefeitura de Quissamã desapropriou o conjunto e restaurou as antigas senzalas, criando o Memorial da Machadinha, que conta a história dos negros que vieram de Kissama, na África, para as plantações de cana no Brasil. Também foi criada a Casa das Artes, onde antes ficava a cavalariça da fazenda, agora transformada em restaurante, e que acolhe manifestações culturais como o Fado, Jongo e o Boi Malhadinho, típicos da época da escravidão.
Já que a legislação brasileira garante direitos territoriais aos remanescentes de quilombos que ocupam suas terras, as famílias dos antigos escravos que ainda residiam na comunidade da Machadinha conseguiram o reconhecimento definitivo da propriedade das terras e imóveis. Em 2009, foram certificadas como comunidade quilombola pelo Ministério da Cultura, através da Fundação Cultural Palmares.
Museu Silvio Caldas, Gilberto Alves, Nelson Gonçalves e Guilherme Brito, Conservatória – Valença
O Museu foi criado em homenagem ao famoso seresteiro Silvio Caldas, aos cantores Gilberto Alves e Nelson Gonçalves e ao compositor Guilherme Brito, por iniciativa do carioca Wolney Porto, que adotou a cidade de Conservatória como sua.
Apesar dos recursos financeiros e de pessoal limitados, a paixão e o desejo de preservar a memória desses artistas motivaram a manutenção do museu.
O acervo foi doado por Mirian Caldas, esposa de Silvio Caldas, Margarete, filha de Nelson Gonçalves, e Cecília, amiga de Gilberto Alves. O Museu Guilherme de Brito é o único museu feito em vida para um artista.
O museu foi pensado como cenas de teatro, e o visitante pode se integrar com o espírito seresteiro que permeia a região de Conservatória. O acervo inclui objetos, reportagens, fotos e roupas dos cantores Silvio Caldas, Nelson Gonçalves, Gilberto Alves e Guilherme de Brito.