Os presidentes da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Fecomércio RJ (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) e ACRJ (Associação Comercial do Rio de Janeiro) estão pedindo a intervenção imediata do Governo Federal para evitar a concentração de voos no aeroporto Santos Dumont e o contínuo esvaziamento do Galeão.
Os três assinaram uma carta enviada à ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), mostrando que a sobrecarga de voos no Santos Dumont está prejudicando o aeroporto internacional do Rio e a economia do Estado. A carta informa que 81% dos voos domésticos no Rio de Janeiro estão no Santos Dumont e 19% no Galeão. O aeroporto internacional está sem conectividade, o que impede a atração de novos voos para o exterior.
Essa distribuição dos voos, que as entidades empresariais do Rio chamam de canibalização, é de responsabilidade da ANAC, mas também depende de decisões do Ministério da Infraestrutura, que marcou só para o ano que vem a resolução do problema, com uma licitação conjunta das concessões do Galeão e do Santos Dumont. As entidades pedem uma solução ainda para este ano.
Segundo a Firjan, a Fecomércio RJ e a ACRJ, o Rio tem o “pior índice de retomada de oferta de serviços aéreos domésticos em todo o país”, com 83% da média de 2019, enquanto a média do Brasil está em 99%. “Nesse momento, apenas 12 destinos estão sendo servidos a partir do Galeão, comparando com 43 destinos em Brasília e 37 destinos em Belo Horizonte”, informa a carta, que pede ações imediatas para solucionar os problemas.
No Galeão, apenas 2% dos passageiros dos voos internacionais são de conexões, quando o normal para um aeroporto desse porte seria estar na casa dos 30%.
Galeão foi vendido por oferta recorde da Changi
“Em consequência, o Galeão deixou de ser um hub, tendo perdido toda conectividade relevante, virando na prática um alimentador dos hubs de estados vizinhos, ou seja, enorme ativo federal, de importância estratégica para o Rio, está sendo fortemente subutilizado por questões administrativas, sem considerar questões técnicas e socioeconômicas relevantes”, dizem os presidentes da Firjan, Fecomércio RJ e ACRJ.
A falta de ação do Governo Federal para reverter a situação de esvaziamento do Galeão está nas causas do pedido de devolução da concessão pelo grupo Changi, de Singapura. O grupo se comprometeu continuar operando o aeroporto internacional até a escolha do novo concessionário. Depois que sair, há no mercado expectativa de que poderá exigir ressarcimento pelos prejuízos que lhe foram causados, após ter vencido o leilão de concessão realizado em 2013, com a oferta de R$ 19 bilhões, num ágio de 294% sobre o valor mínimo proposto pelo Governo Federal. Na época a Changi era sócia da Odebrecht na concessão.