A ‘Basílica São Pedro’ de São Fidélis | Diário do Porto


Joias do Rio

A ‘Basílica São Pedro’ de São Fidélis

Chamada de Cidade Poema, o município dedica-se a versos, oferece um Parque com muitas cachoeiras e deslumbra com uma ponte metálica

1 de junho de 2023

São Fidélis é uma cidade mergulhada na cultura: entre as tradições, estão as folias de reis. Atrás, o Santuário de São Fidélis de Sigmaringa (foto: Nelzimar Lacerda)

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Eliane Lobato

São Fidélis é um município do Norte Fluminense, a quase 300 quilômetros da capital do estado. Tem pouco menos de 40 mil habitantes, mas é cheio de atrativos, curiosidades, belezas históricas e naturais. É fácil encontrar prazer, divertimento e cultura na região. O ponto turístico principal é a antiga Igreja Matriz e atual Santuário de São Fidélis de Sigmaringa.

Perto dela, ao ar livre, a Ponte Metálica produz um impacto positivo nos visitantes, e o Parque Estadual Desengano é o endereço dos amantes de trilhas, cachoeiras e esportes radicais.

‘São Pedro’ fluminense

Comecemos pela igreja, uma imponente arquitetura em forma de cruz com cúpula oitavada inteiramente pintada. “Ela tem certa semelhança com as sólidas colunas da Basílica São Pedro, em Roma”, compara o professor e ex-guia turístico Pedro Silva, 25 anos. Guardadas, naturalmente, as devidas proporções.

 

Antiga Igreja Matriz, hoje Santuário de São Fidélis de Sigmaringa (foto: Nelzimar Lacerda)

 

A construção começou em 1799 e foi concluída em 1809. Galerias subterrâneas foram feitas para formar um cemitério, mas em 1833 uma enchente inundou o local, e quase todos os 30 acessos foram lacrados.

“As catacumbas que resistiram às águas ainda estão lá”, disse Silva. Porém, infelizmente, em 1980, o templo sofreu uma reforma que o descaracterizou bastante na parte interior.

 


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Uma curiosidade que atravessa os anos: a inclusão de uma “velha com vassoura” na pintura do teto, em meio a reproduções de céu e inferno. Como não há explicação bíblica, as lendas prevalecem. Uns explicam que ela teria negado água aos pintores da igreja e, como vingança, fora retratada no inferno. Outros, que era a dona da pensão em que eles se hospedavam e negou abatimento na cobrança do aluguel. E ainda há quem jure que ela era uma fofoqueira que bisbilhotava a vida alheia enquanto varria a calçada.

Esse detalhe curioso, entretanto, não chama mais atenção do que as quatro telas pintadas pelos capuchinhos Vitório de Cambiasca e Angelo Maria de Lucas. Ou do que as imagens de Santa Clara e São Francisco de Assis. Preciosidades do Santuário.

Cidade Poema

A trinta metros da Igreja, sobre o rio Paraíba do Sul, está a imponente Ponte Metálica, tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) como a igreja. Segundo a jornalista Nelzimar Lacerda, 55 anos, ao ser inaugurada, em 1889, era de madeira e usada por condutores de carros de boi. Quando as linhas férreas invadiram o Brasil, ela ganhou trilhos em seus 448 metros de comprimento.

 

Ponte Metálica, que foi tombada pelo Inepac (foto: Roberto Jóia)

 

Em torno de 1902, virou a “ponte de um carro só”, como é chamada pelos moradores até hoje. Nelzimar garante que a obra foi projetada por arquitetos ingleses, mas a estrutura metálica, ao contrário do que muitos pensam, é americana.

São Fidelis tem um dos apelidos mais lindos do estado. Ela é chamada de Cidade Poema. Sabe por que? O professor Pedro Silva explica.

Na década de 1940, o jornal “A Lucta” fez um concurso para escolher um nome que caracterizasse o município. “Este título foi escolhido devido ao traçado de ruas do centro que parece associar as linhas retas do conjunto urbano a versos poéticos”, diz ele. Um dos votantes, o fidelense Mariano Telles de Menezes, sacramentou, ainda nos anos 1940, a escolha do nome nos versos de “Trova da Cidade Poema”, onde fala do pôr do sol e outras belezas naturais.

 

Festivais culturais acontecem todo ano em São Fidélis (foto: Nelzimar Lacerda)

Daí em diante, a cidade assistiu ao aparecimento de gerações de poetas e de eventos, como o Festival de Poesia Falada (entre setembro e novembro), a Festa Literária (entre maio e junho) e feiras itinerantes para poesia e outras artes.

Parque do Desengano tem trilhas e cachoeiras

Nelzimar aponta o Parque Estadual Desengano como o destino mais visitado na cidade. Abrange três municípios, entre eles São Fidélis, e oferece opções de passeios para atletas e para sedentários. Embora fique em uma das regiões mais secas do estado, São Fidélis conta com muitas cachoeiras no Parque e nas Serras do Sapateiro, da Bela Joana e Peito de Moça. Todas – como as cachoeiras do Oriente, do Salto, do Sapateiro, Pedra D’Água e do Recreio – são acessíveis, mas a que está mais próxima do Centro é a Três Panelas, no Rio do Colégio. Tem este nome devido à formação de buracos d’água que são associados a panelas.

Trilhas, cachoeiras, esporte rural, contemplação, mata e fauna diferenciada: “O Parque é o lugar que sempre terá algum interesse seja qual for o perfil da pessoa”, diz a jornalista, que mantém o site www.saofidelisrj.com.br.