Nesta quarta-feira (4), a Marinha do Brasil (MB) realizou a cerimônia do corte da primeira chapa da Seção de Qualificação do Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear (SCPN), no Complexo Naval de Itaguaí (CNI), a 75 km do centro do Rio. O evento é um momento histórico no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), cujo marco fundamental foi estabelecido pelo presidente Lula, em 2008, em seu segundo mandato, quando firmou o acordo de transferência tecnológica com a França.
Graças a esse tratado, a Marinha já construiu dois submarinos convencionais, de propulsão diesel-elétrica, e está construindo outros dois nas modernas instalações do estaleiro e base naval de Itaguaí, também viabilizados pelo presidente Lula. O submarino de propulsão nuclear é o passo seguinte do Prosub e deve ser concluído na próxima década. Ele terá motor movido a energia nuclear, mas contará apenas com armas convencionais. No momento, o projeto envolve cerca de 1.500 trabalhadores, entre militares e civis. O programa, no entanto, tem capacidade de gerar até 24 mil empregos diretos e 40 mil indiretos.
Segundo a Agência Marinha de Notícias, o gerente do Empreendimento Modular de Obtenção de Submarinos, Contra-Almirante (EN) Marcio Ximenes Virgínio da Silva, explicou que a Seção de Qualificação não fará parte do submarino. Porém, de acordo com Ximenes, a seção é essencial para permitir a homologação do processo construtivo e, por conseguinte, a certificação do Estaleiro para a construção do futuro submarino.
“A seção permitirá aferir a capacidade, única no Hemisfério Sul, de construção de um submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear. Assim, este momento marca o início da busca pelo estaleiro de sua qualificação com o processo construtivo a ser homologado, de forma a permitir futuramente o início da construção do submarino”, disse o contra-almirante.
Submarino é parte de programa iniciado por Lula
O SCPN, objetivo principal do Prosub, é o programa mais estratégico da Marinha, pois capacita o País a projetar e a construir submarinos convencionais e com propulsão nuclear, tendo como base principal a transferência de tecnologia, a nacionalização de equipamentos e sistemas, bem como a capacitação de pessoal, tudo desenvolvido dentro do tratado com a França.
De acordo com Inayá Corrêa Barbosa Lima, professora do curso de Engenharia Nuclear da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PEN/COPPE/UFRJ), a participação das universidades e dos institutos de pesquisas nas atividades do Prosub assegura a disseminação do conhecimento do setor nuclear no Brasil. Ela enfatiza que o projeto possibilita a retenção de capital intelectual, evitando que jovens qualificados tenham que sair do país em busca de trabalho em áreas de tecnologia avançada.