Os integrantes do Movimento SOS Floresta do Camboatá querem que o prefeito do Rio, Eduardo Paes, tome atitudes para concretizar a implantação do Refúgio de Vida Silvestre (Revis) na área de dois milhões de metros quadrados, na Zona Norte. O local é a última reserva de Mata Atlântica em terreno plano na cidade, com cerca de 200 mil árvores, algumas de espécies em extinção, como o jacarandá e a braúna.
Felipe Candido, um dos líderes do SOS Floresta do Camboatá, reclama que há omissão da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Segundo ele, na falta de interesse da Prefeitura pela questão, o Movimento está falando diretamente com o Governo Federal, principalmente com a ministra Marina Silva. Mas reconhece que a interlocução de Eduardo Paes aceleraria a implantação do Revis, pois o prefeito, com seu acesso direto ao presidente Lula, poderia facilitar os trâmites com a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e a Advocacia Geral da União (AGU).
A Floresta do Camboatá se tornou assunto internacional há cinco anos, quando os integrantes do Movimento começaram mobilização contra o projeto que previa derrubar a mata para a construção de um autódromo. O tema logo recebeu apoios de milhares de pessoas, entre elas celebridades como o campeão de Fórmula 1 Lewis Hamilton, e artistas como Caetano Veloso, Evandro Mesquita e Xuxa. Hamilton foi contundente ao dizer que jamais participaria de corridas em uma pista feita sobre uma floresta destruída.
O projeto do autódromo foi derrotado, mas, para a implantação do Revis Floresta do Camboatá, é preciso que a Prefeitura trabalhe junto com a SPU e a AGU, pois a área é uma propriedade federal, em terreno que o Exército administra, entre os bairros de Guadalupe, Ricardo de Albuquerque e Deodoro. Em 2021, a Câmara Municipal do Rio aprovou a criação do Revis e a lei foi sancionada por Paes. Porém, desde lá, a Prefeitura não fez nada pela sua efetivação.
Um dos obstáculos a vencer é a decisão da Justiça Federal no Rio, de primeira instância, que, no final de 2022, acolheu uma ação contra a lei que criou o Revis, sob o argumento de que os vereadores não poderiam legislar em relação a um bem da União. O prefeito, que sancionou a lei, poderia ter recorrido, mas ainda não o fez. Outro ponto importante é definir o papel do Exército em relação à Floresta do Camboatá. Os militares ocupam a área há décadas, inclusive usando a mata como local para treinos. Até hoje, mantêm um grupo que controla o acesso do local.
SOS Camboatá quer a permanência do Exército
O Exército, segundo Felipe Candido, não é favorável à implantação do Revis, preferindo que a Floresta do Camboatá seja transformada em APA (Área de Proteção Ambiental), classificação mais flexível, que permite mais atividades e intervenções. Ele diz que o Movimento quer que a Floresta do Camboatá continue sendo uma área federal, mantendo a presença dos militares, numa ocupação semelhante à que a Força faz em outras áreas do Rio, como nos bairros da Urca e Copacabana, unindo preservação com a possibilidade de acesso público.
Com 160 hectares (dos quais 108 estão em bom estado de preservação), Camboatá faz alusão à suave elevação de terreno que ali existe, o Morro do Camboatá. Abriga 146 espécies da flora, das quais 14 estão ameaçadas, além de 150 de pássaros e 19 de mamíferos, entre eles o tamanduá-mirim e o gato mourisco, que seriam uma evidência da boa qualidade ambiental da área.
Texto atualizado em 23/5/23
LEIA TAMBÉM:
Petrobras investe R$ 20 milhões no Theatro Municipal
Paes lança projeto que abre o Porto para o mar
Maricá celebra 210 anos com sete dias de festas