SOS Floresta do Camboatá reclama de omissão da Prefeitura | Diário do Porto


Sustentabilidade

SOS Floresta do Camboatá reclama de omissão da Prefeitura

Integrantes do SOS Floresta do Camboatá dizem que Prefeitura do Rio não trabalha pela criação do Refúgio de Vida Silvestre, lei desde 2021

22 de maio de 2024

Floresta do Camboatá, na Zona Norte, tem 200 mil árvores e 150 espécies de aves (foto: SOS Floresta do Camboatá)

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Os integrantes do Movimento SOS Floresta do Camboatá querem que o prefeito do Rio, Eduardo Paes, tome atitudes para concretizar a implantação do Refúgio de Vida Silvestre (Revis) na área de dois milhões de metros quadrados, na Zona Norte. O local é a última reserva de Mata Atlântica em terreno plano na cidade, com cerca de 200 mil árvores, algumas de espécies em extinção, como o jacarandá e a braúna.

Felipe Candido, um dos líderes do SOS Floresta do Camboatá, reclama que há omissão da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Segundo ele, na falta de interesse da Prefeitura pela questão, o Movimento está falando diretamente com o Governo Federal, principalmente com a ministra Marina Silva. Mas reconhece que a interlocução de Eduardo Paes aceleraria a implantação do Revis, pois o prefeito, com seu acesso direto ao presidente Lula, poderia facilitar os trâmites com a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e a Advocacia Geral da União (AGU).

A Floresta do Camboatá se tornou assunto internacional há cinco anos, quando os integrantes do Movimento começaram mobilização contra o projeto que previa derrubar a mata para a construção de um autódromo. O tema logo recebeu apoios de milhares de pessoas, entre elas celebridades como o campeão de Fórmula 1 Lewis Hamilton, e artistas como Caetano Veloso, Evandro Mesquita e Xuxa. Hamilton foi contundente ao dizer que jamais participaria de corridas em uma pista feita sobre uma floresta destruída.

O projeto do autódromo foi derrotado, mas, para a implantação do Revis Floresta do Camboatá, é preciso que a Prefeitura trabalhe junto com a SPU e a AGU, pois a área é uma propriedade federal, em terreno que o Exército administra, entre os bairros de Guadalupe, Ricardo de Albuquerque e Deodoro. Em 2021, a Câmara Municipal do Rio aprovou a criação do Revis e a lei foi sancionada por Paes. Porém, desde lá, a Prefeitura não fez nada pela sua efetivação.

Um dos obstáculos a vencer é a decisão da Justiça Federal no Rio, de primeira instância, que, no final de 2022, acolheu uma ação contra a lei que criou o Revis, sob o argumento de que os vereadores não poderiam legislar em relação a um bem da União. O prefeito, que sancionou a lei, poderia ter recorrido, mas ainda não o fez. Outro ponto importante é definir o papel do Exército em relação à Floresta do Camboatá. Os militares ocupam a área há décadas, inclusive usando a mata como local para treinos. Até hoje, mantêm um grupo que controla o acesso do local.

SOS Camboatá quer a permanência do Exército

Felipe Candido e peça de artilharia encontrada no Camboatá (foto: acervo pessoal)

O Exército, segundo Felipe Candido, não é favorável à implantação do Revis, preferindo que a Floresta do Camboatá seja transformada em APA (Área de Proteção Ambiental), classificação mais flexível, que permite mais atividades e intervenções. Ele diz que o Movimento quer que a Floresta do Camboatá continue sendo uma área federal, mantendo a presença dos militares, numa ocupação semelhante à que a Força faz em outras áreas do Rio, como nos bairros da Urca e Copacabana, unindo preservação  com a possibilidade de acesso público.

Com 160 hectares (dos quais 108 estão em bom estado de preservação), Camboatá faz alusão à suave elevação de terreno que ali existe, o Morro do Camboatá. Abriga 146 espécies da flora, das quais 14 estão ameaçadas, além de 150 de pássaros e 19 de mamíferos, entre eles o tamanduá-mirim e o gato mourisco, que seriam uma evidência da boa qualidade ambiental da área.

Tamanduá-mirim, na Floresta do Camboatá (foto: Gustavo Pedro)

Texto atualizado em 23/5/23


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