Editorial
Quem preza pelo empreendedorismo e pela prosperidade deveria se sentir no dever de brigar pela estabilidade democrática e deixar o golpismo para ser defendido apenas pelos inimigos da liberdade e do progresso. A democracia não é só uma questão de princípios, ela também faz bem para o bolso. Basta olhar para o mapa do mundo.
Os países mais ricos, como Noruega, Alemanha e Canadá, são democracias estáveis, enquanto regiões marcadas por golpes e instabilidades, como partes da África e da América Latina, enfrentam sérios desafios econômicos. Na África, por exemplo, 60% das pessoas vivem com menos de US$ 2 por dia. Já a América Latina sofreu com a chamada “década perdida” nos anos 1980, depois que regimes autoritários agravaram recessões, desigualdades e, consequentemente, violência.
O Brasil tem lições importantes no seu próprio histórico. O festejado “milagre econômico” dos anos 1970 veio acompanhado de um custo altíssimo. A dívida externa saltou de US$ 3,2 bilhões para US$ 93 bilhões, a inflação alcançou 223% em 1984 e a desigualdade atingiu níveis recordes, abrindo a porta do inferno para a segurança pública. A redemocratização produziu avanços sólidos. O Plano Real, lançado em 1994, estabilizou a inflação, trouxe previsibilidade à economia e ajudou a reduzir a pobreza em larga escala. Esses ganhos só foram possíveis em um ambiente democrático, no qual instituições fortes, imprensa livre e independência entre os Poderes da República permitem debates e decisões mais equilibradas.
E os números não mentem. O Fundo Monetário Internacional (FMI) revelou que países que passaram por transições democráticas tiveram um crescimento econômico 20% maior em 25 anos. Relatórios do Fórum Econômico Mundial mostram que democracias atraem 60% mais investimentos estrangeiros diretos do que regimes autoritários. No Brasil, crises políticas recentes, como as de 2015 e 2016, fizeram o PIB encolher (-3,8% e -3,6% respectivamente) e o desemprego disparar para 12%, evidenciando o custo da instabilidade.
Manter e fortalecer nossa democracia não é apenas o caminho ético, mas a escolha mais inteligente para o crescimento econômico. Com instituições sólidas, previsibilidade e estabilidade política, o Brasil pode atrair trilhões em investimentos, impulsionar setores estratégicos e criar um futuro de prosperidade. Afinal, democracia é, sem dúvida, o melhor negócio para todos.