A Prefeitura do Rio promete preservar os estúdios e auditório da Rádio Nacional, que funcionaram no último andar do edifício A Noite. O prédio, na Praça Mauá, foi comprado por decisão do prefeito Eduardo Paes na semana passada, por R$ 28,9 milhões, em venda feita pelo Governo Federal.
A intenção do prefeito é, agora, procurar um investidor privado que poderá usar o A Noite para um empreendimento imobiliário, após se comprometer em restaurar o edifício, construído em 1929. Na opinião de Paes, o local é ideal para o uso residencial, hoteleiro ou misto. O custo para a restauração do prédio só poderá ser definido após uma ampla avaliação do Iphan (Instituto do Patrimônio Nacional), que deverá acompanhar o andamento das obras.
Os estúdios e o auditório da Rádio Nacional são o cenário onde se desenvolveu o principal veículo de comunicação do Brasil, antes do surgimento da televisão. A rádio iniciou suas transmissões em 1936, quando ainda pertencia ao grupo do jornal A Noite, do qual vem o nome popular do prédio, chamado oficialmente de edifício Joseph Gire, em homenagem ao arquiteto que o projetou.
A Noite, na Praça Mauá (foto: Arquivo Nacional)
A Noite viu surgir a idolatria por Cauby Peixoto
Em 1941, com o fim do grupo empresarial, o Governo Federal encampou a rádio e o prédio, símbolo do estilo art decó, de 22 andares e altura de 102 metros, o que corresponde a 30 andares de um edifício atual. Nas mãos do governo, a Rádio Nacional se consolidou como o primeiro veículo de integração do Brasil, criando programas pioneiros que tinham audiência em todo o país.
Mesmo estatal, a rádio permaneceria funcionando como empresa privada, sustentada pelos seus anúncios. E logo no início da posse pelo Governo, a Nacional estreou a primeira radionovela do Brasil, “Em busca da felicidade”, que ficou três anos no ar. Sua produção era realizada ao vivo nos estúdios do A Noite.
Cauby Peixoto, no auditório lotado da Rádio Nacional, em 1954 (foto: Reprodução)
Os mesmos estúdios viram o nascimento da primeira redação de radiojornalismo do Brasil. Até então, o usual era as emissoras apenas lerem as notícias dos jornais impressos. Foi a Rádio Nacional que criou o primeiro radiojornal de alcance em todo o território brasileiro, o Repórter Esso.
No auditório da Rádio Nacional, também foi forjada a idolatria por um dos maiores cantores brasileiros, Cauby Peixoto. São folclóricas as histórias de fãs que rasgavam suas roupas após as apresentações, em busca de uma lembrança do galã. Ele mesmo contava que seus ternos eram fragilmente costurados, para facilitar a ação do público.
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