‘The Conversation’ mostra que a ciência está em tudo. Tudo mesmo!  | Diário do Porto


Jornalismo

‘The Conversation’ mostra que a ciência está em tudo. Tudo mesmo! 

Site The Conversation chega ao Brasil, populariza a ciência e abre um mercado de 60 milhões de leitores para os nossos pesquisadores

26 de setembro de 2023

Daniel Stycer e Jorge Felix, de The Conversation: ciência ativa e acessível

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Aziz Filho

Quando se diz que uma publicação é voltada para divulgação científica pode parecer que é algo restrito à ciência associada a tubos de laboratórios ou coisa parecida. Não é, definitivamente, o caso do site The Conversation, que acaba de ganhar uma versão em português pelas mãos de jornalistas cariocas. The Conversation sempre mostrou, e continua mostrando, que a ciência está em tudo. Tudo mesmo. O portal fala sobre assuntos e detalhes que estão na pauta do mundo e, ao mesmo tempo, ao nosso redor. O Diário de Porto dá as boas-vindas ao The Conversation Brasil!

A diferença está em um fato que é a arma mais eficaz no combate a fake news em seu nascedouro. Todos os textos são escritos por especialistas altamente gabaritados, doutores em suas áreas, cientistas dos mais variados pontos do planeta, e amparados por pesquisas e estudos do meio acadêmico. O artigo é aprovado pelos autores antes de ser publicado, e você percebe em cada linha o cuidado com a veracidade das informações. Pode até soar estranho nesses tempos de pós-verdade, mas é assim que a banda toca.  

Os temas variam essencialmente de uma matéria que fala sobre os cuidados com os pets no calor e outra que explica – tintim por tintim – a resistência antimicrobiana no organismo humano. Mas todas têm o mesmo rigor acadêmico transmutado em jornalismo acessível. Entre um extremo e outro, há matérias sobre a morte de Pelé e o Chile 50 anos após o golpe que derrubou e matou o presidente Salvador Allende. Mesmo que não pareça, de imediato, atrás e na frente de todos os artigos tem muita ciência, estudo, pesquisa e propriedade do autor.

The Conversation nasceu em 2011, na Austrália, com o objetivo de produzir conteúdo de qualidade sobre Ciência. O público alvo é todo mundo que saiba ler. Por isso, a tarefa dos jornalistas é trabalhar junto com os especialistas para que o tema seja prontamente entendido por quem pertence ao universo científico ou seja apenas um curioso.

A equipe brasileira é comandada pelo editor-chefe Daniel Stycer. “Nosso trabalho consiste tanto em encomendar artigos para os acadêmicos quanto avaliar textos sugeridos por eles e editá-los. De modo geral, o que procuramos publicar são: textos que explicam para um público não especializado novas pesquisas e sua importância para a sociedade, análises baseadas em evidências de questões que estão em pauta no noticiário. e explicações simples de questões complexas e atemporais”.

O primeiro “pai” do projeto – no caso, portanto, o avô – é o jornalista e professor Jorge Felix, hoje conselheiro da versão brasileira. Ele iniciou os contatos em 2018 para trazer o site para o Brasil e convidou Stycer para assumir a parte editorial. “Através do site, a pesquisa tem uma exposição muito maior. É uma oportunidade para os acadêmicos, mesmo que remotamente, interagirem, se integrarem e serem conhecidos por outras pessoas que estão atuando na mesma linha de pesquisa”, explica Felix.

O portal virtual tem filiais em oito países em regiões. O Brasil é o nono país – e o primeiro em português. Não tem fins lucrativos, é gratuito, e o seu conteúdo é publicado sob a licença Creative Commons, ou seja, pode ser reproduzido livremente, em qualquer lugar do mundo, desde que com os devidos créditos.

Esse trânsito de republicações livres faz com que The Conversation alcance 20 milhões de leitores da plataforma e outros 40 milhões que leem os artigos nos veículos mais importantes do mundo, como The New York Times ou The Guardian.

A melhor notícia é que, a partir de agora, também os cientistas brasileiros contam com este canal para serem republicados em idiomas nos quais eles nunca pensaram que seriam lidos. A plataforma conta com mais de 90 mil acadêmicos cadastrados e 152 mil artigos publicados, além do apoio de mais de 3 mil universidades e instituições. É uma potência que busca, no Brasil, apoiadores financeiros que se identifiquem com o projeto sem fins lucrativos.

 Stycer faz um convite a todos: “Entre no site, leia o que te interessar e nos ajude a fazer uma publicação cada vez mais atraente e forte. Inscreva-se na nossa newsletter. É de graça! E, se você for um acadêmico, clique aqui, integre a nossa comunidade, e contribua com seus artigos.”