Sala Cecília Meireles, ícone do Rio, enfrenta risco de fechamento | Diário do Porto


Equipamento cultural

Sala Cecília Meireles, ícone do Rio, enfrenta risco de fechamento

Dívida de R$ 18,5 milhões coloca em risco a continuidade da Sala Cecília Meireles, símbolo cultural da Lapa

27 de novembro de 2024

Sala Cecília Meireles está sob risco de fechar as portas por conta de dívida milionária (foto: Divulgação)

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Um dos mais importantes templos da música de câmara no Brasil, a Sala Cecília Meireles, localizada na Lapa, Rio de Janeiro, enfrenta o risco de encerrar suas atividades devido a uma dívida de R$ 18,5 milhões com a Dimensional Engenharia. O valor, resultado de uma decisão judicial, envolve serviços realizados durante uma ampla reforma concluída em 2014, além de encargos financeiros. Os réus são a Associação dos Amigos da Sala Cecília Meireles e o Governo do Estado do Rio de Janeiro.

 

Patrimônio da cultura brasileira

Inaugurada em 1965, a Sala Cecília Meireles rapidamente se tornou um símbolo da música erudita no Brasil. Com sua acústica primorosa, o espaço já recebeu apresentações históricas de renomados artistas nacionais e internacionais, consolidando-se como ponto de encontro para amantes da música de câmara. O papel da Sala vai além das performances: ela é uma guardiã da tradição musical e um palco essencial para a formação de novos talentos, contribuindo significativamente para a cultura do Rio de Janeiro.

Histórico de interrupções

A trajetória da Sala Cecília Meireles inclui períodos turbulentos. Nos anos 2000, o espaço chegou a ser fechado por quase uma década para obras de modernização, retomando suas atividades em 2014. As reformas incluíram melhorias na estrutura e nos sistemas de som e iluminação. Mais recentemente, entre janeiro e maio de 2024, a Sala passou por uma nova reforma, desta vez para modernizar o piso, impermeabilizar áreas críticas, instalar um teto solar e aprimorar o sistema de ar-condicionado.

Apesar das melhorias, os custos associados às obras de 2014 permanecem como um fantasma. Em outubro de 2024, a Justiça reajustou o valor da dívida para R$ 15,3 milhões referentes aos serviços prestados, acrescidos de R$ 3,2 milhões em encargos.

 

A decisão judicial e o futuro da Sala Cecília Meireles

De acordo com a Dimensional Engenharia, a inadimplência dos aditivos contratuais gerou sérios prejuízos financeiros. A juíza Regina Lúcia Chuquer, da 6ª Vara de Fazenda Pública, reconheceu a regularidade dos serviços e determinou o pagamento da dívida para evitar o enriquecimento ilícito da administração pública.

A Associação dos Amigos da Sala Cecília Meireles, responsável pela gestão do espaço, alertou que a dívida pode inviabilizar a continuidade das operações. Em busca de uma solução, a entidade solicitou a intervenção do Governo Estadual para negociar um acordo extrajudicial com a Dimensional Engenharia, possibilitando o parcelamento ou renegociação do débito.

 

Um apelo à preservação da cultura

A Sala Cecília Meireles é mais do que um espaço cultural: é uma joia histórica e artística do Rio de Janeiro, representando um legado que transcende gerações. A possibilidade de fechamento deste marco cultural levanta um alerta sobre a necessidade de preservar e investir em instituições que mantêm viva a identidade cultural da cidade.

Com o futuro do espaço em jogo, o desfecho deste caso será crucial para determinar se o Rio de Janeiro continuará sendo a casa de uma das principais salas de música de câmara do Brasil, cuja história já resistiu a tantos desafios.

Resumo do caso

  • Dívida: R$ 18,5 milhões
  • Empresa cobradora: Dimensional Engenharia
  • Réus: Associação dos Amigos da Sala Cecília Meireles e Governo do Estado do Rio de Janeiro
  • Reformas recentes: Modernização de infraestrutura e instalação de teto solar

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