Rio Bonito: da Fonte à Serra, a beleza vem das águas | Diário do Porto


Joias do Rio

Rio Bonito: da Fonte à Serra, a beleza vem das águas

Cachoeiras, chafariz e fontes compõem a beleza de Rio Bonito, cidade que tem a água como bem precioso

13 de abril de 2023

Cachoeira no bairro Lavras: as águas de Rio Bonito têm beleza e muitas lendas

Compartilhe essa notícia:


Eliane Lobato

A generosidade da fonte Biquinho, que jorra água mineral sem parar, é apenas um símbolo do programa tranquilo, belo e seguro que aguarda o visitante de Rio Bonito, na Região Metropolitana do Rio. Biquinho fica no centro e é comumente escolhido como início de um passeio que seguirá por trilhas até chegar à Serra do Sambê, uma Área de Proteção Ambiental (APA).

A Trilha do Sabonete é a melhor opção da Serra. Ao contrário do que o nome indica, ela não é escorregadia. O percurso é limpo, seguro e passa por montanhas, pedras e cachoeiras. As outras trilhas também oferecem visuais magníficos e estradinhas bem pavimentadas em meio a fauna e flora da Mata Atlântica.

Ao chegar ao topo, o prêmio para quem gosta de praticar voo livre é uma rampa profissional e perfeita. Quem não é adepto ganha uma vista que, garante o secretário de Turismo, Janderson Muniz da Silva, “alcança o Rio de Janeiro, a Lagoa de Araruama, Maricá e muitas cachoeiras”. O cume é acessível a todos porque há estrada para veículos também. Seja do jeito que for, a dica é subir devagar para observar com atenção o trajeto porque, dizem os moradores, há lugares secretos.

 

Vista aérea de Rio Bonito, no limite da Região Metropolitana (Divulgação)

Uma das histórias mais repetidas, referente aos locais ocultos, diz que um avião teria caído na Serra com um grande carregamento de ouro. “De vez em quando, alguém afirma que tem um tesouro perdido lá. Mas não é comprovado. O avião caiu, realmente, e os tripulantes morreram. O resto é lenda”, afirma Silva.

O que Rio Bonito tem, com certeza, são muitas cachoeiras – e, algumas de fato são tão escondidas que parecem secretas. O projeto para o Eco-Park da cidade abriga 17 cachoeiras, no bairro Lavras. Desde janeiro, algumas atrações já estão em funcionamento, como trilhas, mirantes e passeios na mata atlântica com guias.

A inauguração oficial está marcada para maio, quando o parque estará em pleno funcionamento, com camping, chalés, suítes, day-use, restaurante e recreação. O Eco-Park vai cobrar uma taxa simbólica pelo uso da área, que abraça cachoeiras e mirantes nunca explorados na cidade. Com certeza, será uma força e tanto para o turismo local.

O Parque Da Caixa D’Água – que já foi o reservatório da cidade e hoje é um lago dentro da Mata Atlântica – é de graça. Fica na Serra e abriga um atrativo turístico curioso: a rocha granítica com o formato perfeito de um rosto indígena. Por isso, ganhou o nome de Pedra do Índio Chorão. Quando chove, a água escorre pelas reentrâncias da rocha como se fossem lágrimas.

 


LEIA TAMBÉM:

Mico-leão-dourado, uma joia para ser vista de perto

Negros repensam o país em Petrópolis, coração do império

Projeto Turismo Pedagógico levará alunos a museus


 

Terminado o passeio que começou na fonte Biquinho e seguiu para o alto da Serra do Sambê, chega o momento de descansar e contemplar a Praça Fonseca Portela, centro, o local de maior movimento. “É o cartão postal da cidade”, chancela Silva. Além da beleza típica de cidade de interior preservada, há relíquias como a Igreja da Matriz Nossa Senhora da Conceição e o chafariz doado pela família de D. Pedro II.

A Igreja era uma capela, em 1760, que passou por obras, em 1816, para virar o templo com o nome que carrega até hoje. É o mais antigo da cidade. Composto por uma nave principal, coro, batistério, sacristia e torre, tem uma bela imagem de Nossa Senhora da Conceição em madeira entalhada. Está em processo de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Chafariz prometido por Pedro II

Já o Chafariz foi prometido pelo imperador quando ele esteve na então Vila Rio Bonito, em 1847. A construção foi lenta, e a inauguração só ocorreu 10 anos depois. “Está há duas décadas sem funcionar, mas vai voltar a jorrar água até o fim deste ano”, garante Silva. Em pedra mármore e golfinhos feitos em bronze aplicados nas laterais, segundo a descrição do historiador Dawson Nascimento, a joia patrimonial sem água é usada para selfies de turistas.

“Faz sentido a cidade ter nome de rio porque a água é um bem precioso. Ela vem de nascentes do Sambê que, por sua vez, são oriundas do Rio São João. Este processo forma dezenas de cachoeiras e fertiliza as terras”, destaca Nascimento.

Mas ele também cita uma lenda que oferece outra conexão com o nome. “Contam que a Princesa Isabel estava à beira de um rio e viu na água o reflexo do sol nas pedras malacachetas, que eram abundantes na época. Encantada, exclamou: “Que rio bonito!” O historiador diz que não é verdade, mas reconhece que é um folclore muito charmoso.

*Colaborou Carolina Brasil