A Prefeitura do Rio publicou decreto para desapropriação dos antigos terrenos do Moinho Fluminense, localizados nos bairros da Saúde e Gamboa, na Região Portuária do Rio. Os quatro terrenos que compõem o complexo do Moinho serão leiloados, com o objetivo de continuar a renovação urbana do Porto Maravilha.
A decisão significa que fracassou o projeto apresentado em 2022 pelo grupo Autonomy Investimentos, que previa fazer um retrofit nos prédios que ocupam os terrenos do Moinho Fluminense, para a construção de um centro comercial, escritórios e torres residenciais.
O Autonomy, que comprou o Moinho Fluminense em 2019, integra um grupo que gere principalmente recursos do Canadá para investimentos imobiliários em vários países. Na cidade do Rio, o grupo é dono de alguns empreendimentos, entre eles os edifícios corporativos Vista Guanabara, no Porto, e o Standard Buildind, prédio art decó que foi a sede da Standard Oil no Brasil. No Estado, o grupo tem dois complexos logísticos, em Seropédica e Duque de Caxias.
O Moinho Fluminense é considerado o principal conjunto arquitetônico da Região Portuária. Formado por cinco prédios interligados por uma passarela, começa nas imediações do AquaRio, na Orla Conde, e se estende até a Praça da Harmonia, onde está localizada a construção principal.
Moinho Fluminense tem 137 anos
Inaugurado em 1887 com um alvará de funcionamento assinado pela Princesa Isabel, o Moinho Fluminense foi o primeiro moinho de trigo do país, pondo fim à dependência de farinha de trigo importada. Em 1914, o complexo foi adquirido pela multinacional Bunge, que operou o moinho até 2016, quando as atividades foram transferidas para uma unidade em Duque de Caxias.
O Moinho Fluminense passou por uma restauração de fachada em 2011, como parte da revitalização urbana promovida pela operação Porto Maravilha. Em 2019, o complexo foi comprado pelo Grupo Autonomy Investimentos, que propôs um projeto ousado para a área. Mas nada foi feito no local, o que sinalizou para a Prefeitura a falta de interesse dos proprietários em dar sequência ao projeto de revitalização dos prédios.
O grupo Autonomy foi procurado pelo DIÁRIO DO PORTO para se posicionar sobre a desapropriação do Moinho Fluminense, mas não houve resposta ao contato. No site do grupo, o Moinho ainda continua figurando como um projeto ativo. O grupo diz que “o Moinho traz em seu núcleo a responsabilidade e o desafio de integração com o bairro e a comunidade do entorno, por meio da valorização que o espaço trará para a região, criando oportunidades de trabalho e ressaltando a cultura e a arte do local”.