O Porto de Itaguaí, administrado pela PortosRio, consolidou sua posição de maior porto público do país em exportação de minério de ferro. O documento Estatístico Aquaviário, recentemente divulgado, mostra uma alta de 13,1% na movimentação desse tipo de commodity no terminal, durante o terceiro trimestre de 2023.
Com esse desempenho, o Porto de Itaguaí alcançou o segundo melhor lugar entre os portos públicos brasileiros, ficando apenas atrás do Porto de Santos, segundo o documento produzido pela Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários).
Neste terceiro trimestre, o Porto de Itaguaí movimentou 15,9 milhões de toneladas. Esse volume corresponde a 13,2% do total de cargas movimentadas pelos portos públicos do país e representa um aumento de 8,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
O Estatístico Aquaviário da Antaq é uma ferramenta online de consulta pública que disponibiliza informações atualizadas sobre o setor aquaviário, incluindo dados de transporte de longo curso, cabotagem, vias interiores, além da movimentação portuária. Para acessar, basta seguir o link http://anuario.antaq.gov.br.
Em maio do ano passado, houve o anúncio de que o Porto de Itaguaí terá mais um terminal para exportação de minério. Na ocasião, a previsão era de que as obras seriam entregues até 2028, o iria ampliar consideravelmente a capacidade de exportação do terminal. Para a implantação do empreendimento estava previsto utilizar uma área de 312 mil metros quadrados, na qual seriam investidos R$ 3 bilhões, para aumentar a capacidade de escoamento de minério de ferro em 30 milhões de toneladas por ano.
Wagner Victer critica uso do Porto de Itaguaí para minério de ferro
Essa possível expansão foi criticada pelo engenheiro Wagner Victer, ex-secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Estado do Rio de Janeiro. “Acho uma péssima notícia para o Estado. Isso não é para comemorar, é para chorar! Essas atividades são extremamente poluidoras e já temos alguns terminais de minério, na Baía de Sepetiba, com licenças ambientais vencidas, como a da Vale, na Ilha da Madeira”, afirmou.
Segundo Victer, é negativo o Rio colocar o Porto de Itaguaí para ser canal de exportação de minério produzido em Minas Gerais. “Ser corredor de exportação de commodities produzidas em outros estados é um retrocesso, uma vez que não se geram empregos no RJ, não são atividades que agregam nada à economia Fluminense. Além disso essas atividades não pagam impostos como ICMS , sendo que as empresas ainda colocam o endereço fiscal onde está a mina, não impactando na transferência de impostos federais e no PIB do Rio. Ficamos basicamente com a poeira e a poluição, além das míseras contribuições de royalties da mineração”, disse Victer, que também é ex-secretário estadual de Educação.
O engenheiro diz que a expansão da exportação de minério de ferro no Porto de Itaguaí é contrária aos interesses do Rio. “É totalmente errado do ponto de vista do Estado. Observem, se o Porto de Santos, em São Paulo, aceitaria essa carga adicional. Nossos portos com vocação para indústrias e serviços, como Itaguaí e Açu, se tornam, cada vez mais , meros corredores para outros Estados e muitos dos nossos agentes comemoram batendo palmas, como focas em aquários marinhos. Isso, sim, impacta muito o meio ambiente da bela Baía de Sepetiba,” disse Victer.