Os assessores da presidência da Fecomércio RJ (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro), Delmo Pinho e Luiz Velloso, publicaram artigo no jornal O Globo com duras críticas à Azul Linhas Aéreas e à SAC (Secretaria Nacional de Aviação Civil). Eles apontam que a empresa e o órgão do Governo Federal prejudicam os passageiros e a economia do Estado do Rio.
Desde o último dia 9, a Azul trocou os aviões que fazem os voos diretos entre a cidade do Rio, Macaé e Campos por modelos de 9 passageiros e levou os antigos, de 70 lugares, para o aeroporto de Campinas. Com isso, segundo Pinho e Velloso, “para chegar a Campos ou Macaé, a maioria dos passageiros terá de fazer transbordo de aeronave, em voos que somarão no mínimo quatro horas de duração e, obviamente, com passagens de valor muito maior”.
Para a Fecomércio RJ, SAC é a causadora dos problemas
Para eles, a SAC, que integra o Ministério da Infraestrutura é diretamente responsável pela situação caótica dos dois principais aeroportos da cidade do Rio, com o constante esvaziamento do Galeão e a falta de regulação das operações no Santos Dumont, com reflexos negativos para todos os negócios no Estado.
A Fecomércio RJ é formada por 59 sindicatos patronais fluminenses e representa os interesses de todo o comércio de bens, serviços e turismo do Estado. O setor reúne mais de 314 mil estabelecimentos, que respondem por dois terços da atividade econômica do Rio de Janeiro e representam 68% dos estabelecimentos fluminenses, gerando mais de 1,6 milhão de empregos formais.
Abaixo, segue a transcrição do artigo publicado em O Globo pelos assessores da presidência da Fecomércio RJ:
Azul esquece o Rio e prioriza Viracopos
“A Fecomércio RJ vem promovendo rodadas de entendimento e estudos técnicos de acompanhamento das novas concessões de rodovias e aeroportos federais, visando a melhorar a infraestrutura e reduzir os custos logísticos do transporte de cargas e passageiros, questões de grande importância para o comércio, os serviços e o turismo.
Decepcionada, a Fecomércio RJ vem registrar seu protesto com relação às absurdas alterações que a Azul Linhas Aéreas efetuou nos voos entre o Rio e Campos / Macaé a partir de 9 de agosto de 2022. De acordo com o anúncio original, a empresa iria transferir todos os voos com partida/chegada do Santos Dumont para Viracopos (SP), extinguindo voos diretos entre a capital do estado e o Norte Fluminense, mas frente a protestos de políticos e entidades empresariais, inclusive a nossa, a empresa veio anunciar que os principais voos iriam partir de Viracopos, mas havia alocado alguns voos partindo também do Santos Dumont (SDU).
Difícil compreender qual das duas ações da Azul foi mais absurda, porque no final os voos que a empresa está mantendo no Rio (SDU), estão sendo operados por pequeníssimas aeronaves turboélice monomotor Caravan para nove passageiros, frente aos ATR 72 para 70 passageiros de antes, que aliás saíam com mais de 70% de ocupação, e frequentemente estavam lotados. Resultado: agora, a maioria dos passageiros do Rio terá de ir a Viracopos fazendo transbordo de aeronave, em voos que somarão no mínimo quatro horas de duração e, obviamente, com passagem de valor muito maior para poder chegar a Campos ou Macaé, restando apenas 36 assentos diários em voo direto do Rio.
Mas, por que a Azul pretendia tal absurdo? Aparentemente, a estratégia inicial da transferência dos voos de Campos e Macaé do Santos Dumont (SDU) seria a de aumentar o aproveitamento dos slots que a empresa detém para estas linhas no SDU, aeroporto altamente demandado, trocando linhas que operam com aeronaves de 70 passageiros, por outras rotas com aeronaves de maior porte para 136 passageiros, em voos mais longos, tal como Guarulhos, Brasília etc. Fato amplamente divulgado pela empresa, e que só não restou concretizado face a fortes pressões exercidas por políticos e entidades empresariais, inclusive a nossa.
Vale destacar que se trata de ação puramente de mercado, onde a Azul busca concentrar ainda mais passageiros no Santos Dumont, e decorre principalmente da falta de ação regulatória e de política pública da SAC – Secretaria Nacional de Aviação Civil –, que insiste em não limitar as operações no SDU, um aeroporto que notoriamente opera acima da capacidade nas horas-pico, e, periodicamente em função de questões meteorológicas, tem seus voos transferidos para o Galeão, assunto que não tem sido ouvido pela autoridade federal, ou mesmo lido nas correspondências que encaminhamos conjuntamente com a ACRJ e FIRJAN.
Outra questão seria a de “estimular” o estado a reduzir o ICMS sobre o querosene de aviação nos voos do SDU, e em contrapartida manter os voos do Norte do Estado além de operar alguns outros destinos, uma proposta tipo “trocar sessenta por seis”. A solução da Azul não foi boa para o Rio e foi péssima para a maioria dos usuários.”