Negro Muro celebra a memória negra, com painel no Galeão | Diário do Porto


Arte

Negro Muro celebra a memória negra, com painel no Galeão

Ao completar 10 anos, a concessionária RIOgaleão faz parceria com o Negro Muro e eterniza o baterista Wilson das Neves, em mural no aeroporto

1 de outubro de 2024

Mural feito pelo projeto Negro Muro, no Galeão, destaca o músico Wilson das Neves (Foto: RIOgaleão / Divulgação)

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Eduardo Gomes

O RIOgaleão firmou uma parceria com o Negro Muro, um projeto que atua no mapeamento da memória negra por meio da arte urbana. Neste ano, a concessionária comemorou uma década de operação no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão. Para celebrar, o muralista Cazé foi convidado para pintar no aeroporto a história de Wilson das Neves, baterista, cantor e compositor da Ilha do Governador.

O mural de 45 m² foi pintado na área externa do Terminal 2 do Aeroporto do Galeão. Ainda no desembarque, seis totens foram instalados com imagens de obras que homenageiam outros artistas, como J Borges, Dona Roxinha, Getúlio Damado, Maria Lira Marques, Mestre Vitalino e Véio.

“O RIOgaleão é um motor de desenvolvimento para a cidade e um impulsionador consciente. Estamos celebrando 10 anos com fomento e acesso à arte, atuando como apoiador incondicional das experiências que unem arte, tecnologia e informação. Como incentivador da cultura carioca, vamos promover uma conexão que faz história, tornando o RIOgaleão parte da memória coletiva e ancestral da cidade”, afirma Uyara Assis, gerente de marketing e comunicação do RIOgaleão.

Cazé, muralista do Negro Muro

Cazé, nome artístico de Fernando Sawaya, faz pintura de rua há 22 anos. Em 2018, criou o projeto Negro Muro ao lado do produtor e pesquisador musical Pedro RajãoOs dois se conheceram por meio do interesse pela música, o que é abordado com frequência em pinturas sobre figuras culturais negras. “A música foi um elo entre arte e pesquisa”, explicou Cazé.

Desde então, o muralista contribuiu para que a arte pública conquistasse novos espaços. “Na rua, estamos tornando a arte acessível para todos, independentemente da classe. As escolas e universidades podem levar os estudantes para estudar esses pontos culturais”, disse.

A expansão dos murais ajudou a inspirar novos artistas a ocuparem a cidade. Segundo Cazé, a pandemia de COVID-19 teve um papel fundamental para as pessoas enxergarem a importância de fazer arte. “Acabou aumentando essa necessidade que já existia, porque a arte começou a preencher a vida de várias pessoas. Todos estávamos em um momento ansioso e esse processo de terapia da arte ajudou”, afirma Cazé. O muralista produziu bastante durante o período de isolamento, como uma forma de se acalmar e manter a cabeça ocupada.

Além disso, o cocriador do Negro Muro destaca que o trabalho feito pelo projeto tem uma função de reparação histórica-racial. Os criadores estão atentos para escolher novos personagens negros, para continuar a unir arte e educação. Dessa forma, pretendem ampliar o debate antirracista.

Negro Muro no ArtRio

O Negro Muro foi convidado para assinar o estande do Galeão na ArtRio 2024, que aconteceu entre os dias 25 e 29 de setembro na Marina da Glória. No estande, foi colocada uma réplica do muro Pixinguinha, feita pelo grupo para o Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, na Lapa. Além disso, também foram expostos um esboço da pintura de Wilson das Neves, do Galeão, e recortes das primeiras matérias sobre o Negro Muro publicadas em jornais.

“As pessoas que vieram no ArtRio se depararam com o nosso trabalho de arte pública e conheceram um pedaço da nossa história”, disse Cazé. “Estamos empretecendo o ArtRio”, concluiu.


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