Marca do Bar Luiz, introdutor da cultura do chope, vai à venda | Diário do Porto


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Marca do Bar Luiz, introdutor da cultura do chope, vai à venda

Foi no Bar Luiz que a Brahma vendeu seu primeiro chope. Rosana Santos, ex-proprietária, morreu sem achar um parceiro para reabrir o bar

13 de novembro de 2024

Fundado em 1887, Bar Luiz era comandado por Rosana Santos desde 1994. Ela faleceu em agosto deste ano (foto: Bar Luiz / Instragram)

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A família de Rosana Santos, ex-proprietária do Bar Luiz, vai realizar um leilão online da marca no próximo dia 26, às 14h, por meio do link https://portellaleiloes.com.br/leiloes/405. Rosana, que faleceu em agosto, dedicou seus últimos anos a procurar um parceiro comercial para reerguer o estabelecimento, que fechou durante a pandemia, e, se estivesse funcionando, teria 137 anos.

O Bar Luiz, fundado em 1887, entrou em recuperação judicial em fevereiro de 2020, antes do isolamento social determinado para evitar a expansão da Covid 19. Rosana já vinha procurando formas de reeguer o estabelecimento e uma delas foi procurar a Ambev, poderosa multinacional que controla a marca Brahma. 

A história da Brahma e do Bar Luiz estão intimamente ligadas. Foi no bar que a cervejaria encontrou seu primeiro ponto de venda, em 1888. Para Rosana, parecia que essa relação de parceria comercial, vinda desde o século 19, seria um excelente atrativo de marketing que nenhuma grande empresa poderia desperdiçar. Afinal, foi no Bar Luiz que se iniciou a longa relação do carioca com a cultura do chope e das cervejas. Mas, ao contrário de suas expectativas, não houve sucesso nas negociações.

Para anunciar o leilão da marca, a família de Rosana publicou a seguinte nota:

“Em fevereiro de 2020 o Bar Luiz entrou em Recuperação Judicial mas os meses e anos que se seguiram não foram favoráveis a quase ninguém prosperar, quanto mais se recuperar.

Agora a marca irá a leilão.

Estamos na torcida para que seja adquirido por uma pessoa que dará continuidade à sua tradição, que é parte da história da cidade do Rio de Janeiro e de muitas famílias também.”

Rosana, que deixou quatro filhas e cinco netas, tinha esperanças de que a Prefeitura iria recuperar o movimento de pessoas no Centro da cidade, reanimando a rua da Carioca, onde fica o Bar Luiz. A gestão do estabelecimento estava sob sua responsabilidade desde 1994, mas ela já era da equipe desde 1984, quando seu marido Bruno e sua sogra Gertrud ainda eram vivos.

Bar Luiz foi fundado quando Dom Pedro II era imperador

Ao longo dos anos, além de gerir o Bar Luiz, também se dedicou em outras frentes. Foi vice-presidente do Polo Novo Rio Antigo, associação de empresários nos setores de turismo, cultura, gastronomia e de preservação do patrimônio histórico da cidade do Rio de Janeiro. Também foi diretora do SINDRIO (sindicato de bares e restaurantes da cidade do Rio).

Em outro post nas redes sociais, a família de Rosana faz uma homenagem ao seu legado e do Bar Luiz: 

“Quando o Bar Luiz foi fundado, em 3 de Janeiro de 1887, Dom Pedro II era o Imperador do Brasil. A cidade do Rio de Janeiro era capital do Império! A cultura do chopp foi introduzida na cidade pelo seu fundador, Adolf Rumjaneck, nosso bisavô, pai de vovó Gertrud, que, apelidado de Braço de Ferro, disputava quebra-de-braço entre os clientes para popularizar o chope pois na época só se bebia vinho! Essa é só uma das milhares de histórias que o Bar Luiz compartilha com a Cidade do Rio. E Rosana sabia a importância disso.”


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