Divino Pai Eterno, do Mestre Valentim, deve ir para o MAR | Diário do Porto


Rio

Divino Pai Eterno, do Mestre Valentim, deve ir para o MAR

Três obras da antiga Igreja de São Pedro são recuperadas pela Prefeitura do Rio, e tombadas como patrimônio cultural

6 de junho de 2024

Escultura do século 18 retorna ao Rio. (Foto: IPHAN)

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As três peças de arte barroca desapropriadas e tombadas pelo prefeito Eduardo Paes devem ir para o Museu de Arte do Rio (MAR), na Praça Mauá. A escultura do Divino Pai Eterno, do escultor Mestre Valentim, retorna ao Rio de Janeiro como patrimônio histórico com outras duas peças que pertenciam à Igreja de São Pedro dos Clérigos. Desde 1733 a obra ornamentava o altar da Igreja, uma das primeiras construções do Rio de Janeiro, demolida em 1944 para a construção da avenida Presidente Vargas. Dois decretos de Paes tornaram as obras patrimônio da população carioca. 

As obras da antiga Igreja de São Pedro até então pertenciam a coleções particulares, e entrariam à venda em São Paulo, na noite de terça-feira (4). Para a escultura, o lance mínimo seria de R$ 900 mil reais. Os decretos de Paes mudaram o destino das peças, que devem ir para o MAR. As imagens que você vê nesta reportagem, da bela igreja demolida, foram obtidas pelo Diário do Porto junto ao Arquivo Noronha Santos, do Iphan. 

 

Os decretos de Paes marcam a primeira vez que o governo interferiu na revenda de peças oriundas da Igreja de São Pedro. Após a destruição, por conta de falhas no sistema de Patrimônio Histórico do país, então recém-criado, colecionadores de todo o Brasil puderam comprar as obras. Talhada em madeira, a estátua do homem sentado com a mão direita levantada, simbolizando o poder divino, pertencia ao acervo dos colecionadores Cárbia Sabatel de Bourroul e José Celestino Monteiro de Barros Bourroul, uma das maiores do Brasil.

 

Cúpula da Igreja de São Pedro dos Clérigos. (Foto: IPHAN)

Os outros dois itens, um altar e um par de anjos também feitos de madeira, custariam R$ 380 mil e R$ 180 mil, respectivamente. Todas as peças iriam à venda pela Dutra Leilões, especializada em antiguidades. Conforme a prefeitura, os decretos foram editados quando assim que o prefeito tomou conhecimento de que o leilão seria realizado. Ainda segundo a prefeitura, o ato garantiria a prioridade da obra ao município mesmo se tivesse sido vendida, pelo mesmo valor do lance vencedor. O leilão não aconteceu, então após o processo de desapropriação, as obras devem ser doadas ao MAR. A decisão foi tomada em conjunto com a Procuradoria Geral do Município.

 


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Para Cláudio André Castro, presidente do Conselho de Renovação do Centro da Associação Comercial do Rio de Janeiro, a prefeitura deve ser parabenizada por reparar um “erro histórico” dos órgãos de patrimônio. “Neste momento em que o Centro do Rio está em franca revitalização, a recuperação da imagem do Divino Pai Eterno, que olhou pela nossa região de 1733 até 1944,  é mais que um sinal de fé.  É um emblema de todo esforço conjunto de entes privados e públicos pela retomada do desenvolvimento no berço da civilização brasileira”, diz Castro.