COP 28 em Dubai: os principais desafios para a conferência do clima | Diário do Porto


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COP 28 em Dubai: os principais desafios para a conferência do clima

COP 28 em Dubai levanta debates globais sobre o clima e reforça a urgência de ações locais no Rio de Janeiro

15 de novembro de 2023

COP 28 discute o futuro do clima global em Dubai - Foto: UN Climate Change

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Isabela Abdala

Faltando poucos dias para o início da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 28), o mundo volta suas atenções para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O evento, que ocorrerá de 30 de novembro a 12 de dezembro, levanta expectativas e também polêmicas, principalmente devido à localização em um dos maiores produtores de combustíveis fósseis do mundo.

A COP 28 trará à tona temas cruciais para o futuro do clima global, com destaque para:

  1. Transição energética global: A necessidade de acelerar a adoção de fontes renováveis de energia está no topo da agenda, mas as disputas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento sobre financiamentos para essa transição prometem ser intensas.
  2. Neutralidade de carbono: Vários países estão sob pressão para apresentar planos concretos de neutralização de emissões até meados do século. Contudo, o cumprimento dessas metas enfrenta desafios logísticos e financeiros, especialmente em economias emergentes.
  3. Financiamento climático: Há grande expectativa sobre os avanços no cumprimento da meta de US$ 100 bilhões anuais para financiar iniciativas climáticas nos países em desenvolvimento, meta que já deveria ter sido atingida em 2020.
  4. Perdas e danos: Um dos pontos mais sensíveis da agenda, as negociações sobre compensar países vulneráveis pelos impactos das mudanças climáticas prometem ser acaloradas, com demandas por um mecanismo eficaz e financiado adequadamente.

Polêmicas em um país-sede produtor de petróleo

A escolha de Dubai como sede da COP 28 gerou reações mistas. Enquanto alguns veem a oportunidade de trazer a questão climática ao centro de um país produtor de petróleo como um sinal positivo, outros criticam o potencial conflito de interesses. Os Emirados Árabes Unidos, embora tenham investido pesadamente em energias renováveis, continuam sendo um dos maiores exportadores de combustíveis fósseis.

As questões mais polêmicas se referem a:

  • Eliminação de combustíveis fósseis: Vários países e ONGs exigem metas concretas para a eliminação gradual do uso de combustíveis fósseis, uma questão que desafia diretamente os interesses econômicos do país-sede.
  • Captação de carbono: Os Emirados promovem soluções tecnológicas para capturar e armazenar carbono como uma alternativa à redução do uso de combustíveis fósseis. Alguns países e ambientalistas consideram essa abordagem insuficiente.
  • Participação do setor privado: Dubai planeja enfatizar o papel das empresas no combate à crise climática, o que pode gerar debates sobre regulação versus autorregulação.

Expectativas para resultados concretos

Especialistas apontam que a COP 28 tem o potencial de ser um marco ou um fracasso. Para isso, será essencial:

  • Garantir avanços significativos no financiamento climático.
  • Alinhar países desenvolvidos e em desenvolvimento em torno de soluções justas para a transição energética.
  • Estabelecer um plano claro para perdas e danos, com um fundo operacional.

O Rio e o clima global

A COP 28 também ecoa como um alerta para a necessidade de todas as cidades do mundo, especialmente as metrópoles, fortalecerem sua infraestrutura climática. O legado do aquecimento global pressiona o Rio de Janeiro, por exemplo, a intensificar suas próprias iniciativas de resiliência, seja em relação à elevação do nível do mar ou à melhoria dos sistemas de drenagem urbana.

A conferência, portanto, não é apenas sobre decisões globais. É também um chamado para ação local. O futuro do clima global está nas mãos de todos, de Dubai ao Rio de Janeiro.