Central do Brasil: História e Desafios de Um Marco Ferroviário | Diário do Porto


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Central do Brasil: História e Desafios de Um Marco Ferroviário

Imortalizada na cultura pelo filme de Walter Salles com Fernanda Montenegro, Central do Brasil tem sido descuidada pelos gestores públicos

16 de janeiro de 2025

Central do Brasil é palco de história, cinema e complexidades urbanas do Rio de Janeiro- Foto: Leandro Santos/Supervia

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Localizada no coração do Rio de Janeiro, a Central do Brasil é um marco histórico e funcional da cidade, símbolo de um passado marcante e de desafios contemporâneos. Inaugurada em 1858 como ponto de partida da primeira ferrovia brasileira, a Estação Dom Pedro II, como era originalmente chamada, cresceu ao longo das décadas para se tornar um dos maiores e mais movimentados terminais ferroviários da América Latina.

História da Central do Brasil

A Central do Brasil nasceu como um projeto ambicioso durante o Segundo Reinado. A ferrovia original ligava o Rio de Janeiro à cidade de Petrópolis para atender a demanda da corte imperial e o transporte de produtos agrícolas, como café. Com o tempo, a estação se expandiu, o que conectou o Rio a outros estados e consolidou o ponto como um eixo central do transporte ferroviário no país.

Ao longo do século XX, a estação ganhou o nome de Central do Brasil e passou a simbolizar o movimento incessante de pessoas e mercadorias. No auge da operação, a ferrovia era vital para trabalhadores, estudantes e viajantes que transitavam diariamente entre o Rio de Janeiro e a região metropolitana. Ainda hoje, cerca de 600 mil pessoas passam pela Central diariamente, utilizando os trens da SuperVia, o metrô e ônibus intermunicipais.

Cinema e a Imagem do Brasil

O nome “Central do Brasil” ganhou projeção internacional em 1998, quando o filme homônimo, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e deu à atriz Fernanda Montenegro uma indicação histórica ao Oscar de Melhor Atriz.

A obra conta a comovente jornada de uma mulher e um menino pelo interior do Brasil. A história se inicia justamente na estação, com a movimentação do local como pano de fundo para uma história que reflete as desigualdades do país.

Fernanda Montenegro, em sua atuação magistral como Dora, ajudou a eternizar a imagem da Central do Brasil como um símbolo do cotidiano brasileiro. Para muitos, o filme trouxe uma visão mais profunda sobre as histórias de vida que transitam diariamente por ali.

Desordem no entorno da Central do Brasil

Apesar da relevância histórica e cultural, a Central do Brasil enfrenta problemas graves de conservação e organização. O entorno da estação, especialmente a Praça Cristiano Otoni, sofre com desordem urbana, ocupação irregular, comércio informal desorganizado e problemas de segurança. A falta de planejamento e manutenção contribuiu para a degradação de um espaço que costumava a ser um cartão-postal da cidade.

Apesar de modernizações pontuais, como a instalação de escadas rolantes e melhorias no sistema de transporte, a própria estação carece de investimentos consistentes. A sujeira, o descaso com a infraestrutura e a sensação de insegurança afetam não apenas os usuários, mas também a percepção de um lugar que já foi sinônimo de progresso.

Os desafios do transporte ferroviário 

A Central do Brasil permanece como um dos principais polos de transporte ferroviário no estado do Rio de Janeiro, conectando a capital a cidades da Baixada Fluminense e outros municípios da região metropolitana. No entanto, o sistema enfrenta desafios significativos, incluindo atrasos, superlotação e trens com manutenção insuficiente.

A SuperVia, concessionária responsável pela operação dos trens urbanos, frequentemente é alvo de críticas por falhas no serviço. Enquanto isso, o metrô, embora mais eficiente, não atende plenamente à demanda crescente da população.

A Central do Brasil é um símbolo do que o Rio de Janeiro já foi e do que ainda pode ser. Sua história é um lembrete do papel transformador que o transporte público desempenha no desenvolvimento das cidades. No entanto, sem investimentos adequados e uma abordagem integrada que contemple a revitalização do entorno, ela vai continuar a ser um retrato da negligência urbana.


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