No dia seguinte em que o filme “Ainda Estou Aqui” ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, desapropriou a casa do bairro da Urca, na Zona Sul, que foi o principal cenário do longa-metragem. O imóvel será transformado na Casa do Cinema Brasileiro e em instalações da RioFilme, a empresa municipal voltada para investimentos no setor audiovisual.
A casa, uma construção de 1938, foi a locação que representou o ambiente da família Paiva, retratada no filme dirigido por Walter Salles, com Fernanda Torres atuando como protagonista e indicada ao Oscar de Melhor Atriz. Pela mesma categoria, ela venceu o Globo de Ouro. O Oscar de “Ainda Estou Aqui” foi o primeiro recebido por uma produção brasileira, em 96 anos da existência do prêmio.
Segundo o prefeito do Rio, além de uma homenagem ao filme ganhador do Oscar, a iniciativa, oficializada nesta segunda-feira (03/03) em edição extra do Diário Oficial, tem o objetivo de preservar e estimular a cultura cinematográfica do país, com um memorial.
“É uma reverência a todos aqueles que fazem Cultura em nosso país. O Oscar foi para o filme, mas todas as nossas manifestações culturais foram premiadas. E o nosso dever enquanto poder público é perpetuar a nossa memória, preservá-la e estimular para que novos “Ainda Estou Aqui” sejam produzidos. Temos uma riqueza cultural única e valiosa”, afirmou o prefeito Eduardo Paes.
“Ainda Estou Aqui” celebra a resistência contra a ditadura
O decreto que declara de utilidade pública o imóvel da Urca leva em conta a relevância da obra de Marcelo Rubens Paiva, autor do livro que deu origem ao filme. E ressalta o dever institucional do Estado de valorizar a memória dos brasileiros que resistiram e superaram a ditadura militar, contribuindo para a retomada da democracia. Outra consideração é o apelo turístico, já que o filme teve reconhecimento internacional, com a conquista do primeiro Oscar para o país.
A decisão da Prefeitura de comprar a casa em que foi filmado “Ainda Estou Aqui” vem logo após o anúncio, em janeiro, de que a RioFilme fará o investimento de R$ 131 milhões para a indústria de audiovisual da cidade. A empresa, vinculada à Secretaria Municipal de Cultura, garantiu o investimento de R$ 100 milhões do Fundo Setorial do Audiovisual, por meio de uma parceria com a Agência Nacional de Cinema (Ancine), para os editais previstos para 2025. Já o município liberou R$ 31 milhões para os projetos selecionados em 2024.