A Unidos do Viradouro prepara-se para encantar a Marquês de Sapucaí no Carnaval de 2025 com o enredo “Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos“. Sob a batuta do carnavalesco Tarcísio Zanon, a escola de Niterói mergulha na história de Malunguinho, figura emblemática que transita entre as culturas africana e indígena.
Malunguinho é um símbolo de resistência e sincretismo religioso. Reverenciado como líder quilombola e entidade espiritual, ele é uma a figura celebrada em Pernambuco, em especial no Catimbó-Jurema, culto que mescla elementos africanos e indígenas. A Viradouro pretende destacar a luta dele por liberdade, para promover uma reflexão sobre a importância da preservação das tradições afro-indígenas no Brasil.
Unidos do Viradouro se prepara para o Carnaval 2025
Consagrada campeã do Carnaval carioca em 2024, a Viradouro tem se destacado no cenário carnavalesco. Além de conquistar o título em 2020 com o enredo “Viradouro de Alma Lavada”, a escola vem se mantendo nos últimos anos entre as primeiras colocadas, alcançando o vice-campeonato em 2019 e 2023, e o terceiro lugar em 2022.
Para o Carnaval de 2025, a Viradouro já iniciou seus ensaios de rua em Niterói, envolvendo a comunidade e preparando-se intensamente para o desfile. A expectativa é que a escola apresente um espetáculo grandioso, com alegorias e fantasias que retratem a riqueza cultural de Malunguinho e sua importância histórica.
Samba-Enredo de 2025 da Unidos do Viradouro
Em outubro de 2024, a Viradouro escolheu seu samba-enredo em uma final disputada. O samba exalta a conexão de Malunguinho com os “três mundos” — o físico, o espiritual e o ancestral —, com versos que celebram a ancestralidade e a resistência cultural.
A composição vencedora é assinada por Paulo César Feital, Inácio Rios, Márcio André Filho, Vitor Lajas, Vaguinho, Chanel e Igor Federal. Confira a letra abaixo:
Acenda tudo que for de acender,
Deixa a fumaça entrar,
Sobô nirê mafá, sobô nirê,
Evoco, desperto, nação coroada,
Não temo inimigo,
Calopo na estrada, a noite é abrigo,
Transbordo a revolta dos mais oprimidos,
Eu sou caboclo da mata do catucá,
Eu sou pavor contra tirania,
Das matas, o encantado,
Cachimbo já foi facão amolado,
Salve malungueiro, juremá.
Ê juremeiro, curandeiro oh!
Vinho da erva sagrada, eu viro num gole só,
Catiço sustenta o zeloso guardião,
Capangueiro da jurema,
Não mexe comigo não.
Entre a vida e a morte, encantarias,
Nas veredas da encruza, proteção,
O estandarte da sorte é quem me guia,
Alumia minha procissão,
No parlamento das tramas,
Para os quilombos modernos,
A quem do mal se proclama,
Levo do céu pro inferno,
Toca o alujá ligeiro, tem coco de gira pra ser invocado,
Kaô, consagrado,
Reis malunguinho encarnado,
Pernambucano, mensageiro, bravio.
O rei da mata que mata quem mata o Brasil.
A chave do cativeiro, virado no exu trunqueiro,
Viradouro é catimbó, Viradouro é catimbó,
Eu tenho corpo fechado, fechado tenho meu corpo,
Porque nunca ando só