Matheus Dantas
Repórter
Representantes da cadeia produtiva brasileira reuniram-se no Rio de Janeiro nesta segunda-feira (07) no seminário “Biocombustíveis Sustentáveis para Transporte Internacional – Alinhando oportunidades reais a políticas globais”. Os participantes discutiram como o país pode superar barreiras comerciais, regulatórias e metodológicas para garantir que os biocombustíveis brasileiros sejam competitivos e aceitos nos mercados globais.
Estiveram presentes desde desenvolvedores de tecnologias e produtores de matérias-primas até companhias de navegação e aviação no seminário organizado por Instituto Clima e Sociedade (iCS), Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio para o Brasil), Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Conselho Empresarial Brasil China (CEBC) e Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI).
Segundo a Organização Europeia dos Transportes e do Ambiente (T&E), os navios respondem por 3% das emissões de gases do efeito estufa na atmosfera. Se nada for feito, em 2050 esse percentual será de 10%.
“Para que o transporte internacional possa de fato atingir suas metas de descarbonização, é indispensável pensar nos biocombustíveis sustentáveis como solução legítima” – Maria Netto, diretora executiva do iCS
O Brasil possui vantagens comparativas claras na produção de biocombustíveis sustentáveis: grande disponibilidade de matéria-prima, know-how consolidado no setor e condições geográficas favoráveis. Como segundo maior produtor global do setor, o país tem tecnologia, clima favorável e grande potencial de expansão.
No entanto, o grande desafio é transformar essas vantagens comparativas em competitivas no mercado internacional. Para isso, é necessário superar barreiras comerciais, regulatórias e metodológicas, incluindo questões como a quantificação do uso da terra e a dupla contagem de créditos de sustentabilidade.
“O Brasil reúne os principais ativos para liderar a descarbonização dos transportes internacionais com biocombustíveis sustentáveis” – Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil.
Parceria estratégica com a China
Um dos destaques do evento foi o papel central da China como parceiro estratégico. Segundo Cláudia Trevisan, Diretora-Executiva do CEBC, Brasil e China têm capacidades complementares: “de um lado, o Brasil oferece escala, recursos naturais e tecnologia; do outro, a China avança na implementação de políticas para descarbonização e inovação industrial”.
Demanda em crescimento acelerado
Segundo dados de 2024 da International Energy Agency, a demanda por biocombustíveis sustentáveis deverá dobrar até 2030, oportunidade única para o Brasil contribuir significativamente para a transição energética global.
Declaração conjunta e próximos passos
Ao final do evento, foi divulgada a “Declaração conjunta para Biocombustíveis Sustentáveis como solução para a descarbonização do transporte internacional”, assinada pelas organizações participantes.
O documento foi entregue aos enviados especiais para a COP30 Elbia Gannoum (Energia), Roberto Rodrigues (Agricultura), Marina Grossi (Setor Empresarial), Leandro Gomes Cardoso (Diretor substituto do Departamento de Política de Mitigação do Ministério do Meio Ambiente).
A declaração consolida recomendações para posicionar os biocombustíveis sustentáveis no centro da descarbonização do transporte internacional. O texto defende a remoção de barreiras regulatórias e comerciais, a adoção de taxonomias e sistemas robustos de certificação e rastreabilidade. Também propõe políticas ambiciosas de mistura, o mapeamento e uso sustentável de áreas degradadas e o fortalecimento da governança multilateral. Além de reduzir emissões com segurança energética, a agenda é apresentada no documento como vetor de inovação, geração de emprego e renda e desenvolvimento inclusivo, com o Brasil em posição estratégica rumo à COP30.
“Às vésperas da COP, mostramos que o Brasil pode liderar com ação, escala e colaboração” – Marina Grossi, presidente do CEBDS.
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