A Prefeitura do Rio de Janeiro iniciou as obras de drenagem e controle de enchentes em Realengo, com investimento de R$ 123,5 milhões. A iniciativa é financiada com recursos do Governo Federal, por meio do programa Novo PAC, e marca mais um capítulo da parceria entre o prefeito Eduardo Paes (PSD) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — uma aliança que, além dos impactos urbanos, carrega implicações políticas, especialmente com vistas às eleições de 2026.
O projeto prevê a construção de um reservatório com capacidade para cerca de 20 milhões de litros de água, além de mais de cinco quilômetros de novas galerias pluviais. As intervenções prometem aliviar o drama de enchentes que afeta cerca de 205 mil moradores de Realengo, um dos bairros mais populosos da cidade.
“Conseguimos recursos com o Governo Federal para resolver os três principais problemas de alagamento na cidade: Jardim Maravilha, Bacia do Rio Acari e Realengo. É um passo importante para melhorar a vida das pessoas onde o poder público demorou a chegar”, afirmou Eduardo Paes. O prefeito também destacou que a obra se soma à entrega recente do Parque Realengo, espaço de lazer e enfrentamento às mudanças climáticas.
Em Realengo, aliança que se projeta para 2026
Essa sintonia entre Lula e o Paes ganha contornos estratégicos no contexto eleitoral. Eduardo Paes é visto como um possível candidato ao Governo estadual em 2026. Ao mesmo tempo, Lula precisa ampliar sua base no Estado do Rio, onde tradicionalmente enfrenta resistência em áreas dominadas pelas milícias e segmentos conservadores.
Realengo é um bairro simbólico na geografia eleitoral do Rio — popular, densamente habitado e frequentemente negligenciado. Intervenções de impacto nessa área são vistas como investimentos não só em infraestrutura, mas também em capital político.
A iniciativa no bairro integra a estratégia da aliança Paes-Lula, numa tentativa de construir uma frente ampla no Rio de Janeiro, com nomes de centro e centro-esquerda. Da parte de Lula, em especial, apoiar administrações bem avaliadas em capitais como o Rio é fundamental para consolidar sua governabilidade e pavimentar o caminho para seu próprio projeto político.
Obra em Realengo com dimensão simbólica e técnica
As intervenções atingem vias importantes de Realengo e imediações, como a Avenida Santa Cruz, a Rua Bernardo de Vasconcelos e o Rio Catarino, que ganhará uma nova galeria de escoamento. O Rio Piraquara também será desassoreado. Com essas melhorias, espera-se reduzir drasticamente os alagamentos que há décadas afetam a rotina dos moradores.
O secretário municipal de Infraestrutura, Wanderson Santos, destacou o impacto social das obras. “Quando falamos de enchentes, falamos de perdas e insegurança. Estas são obras que mudam a vida das pessoas e trazem dignidade. É o mesmo modelo que funcionou na Grande Tijuca e agora chega à Zona Oeste.”