Carnaval 2025: desfile do Salgueiro destaca ritos de proteção | Diário do Porto


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Carnaval 2025: desfile do Salgueiro destaca ritos de proteção

A escola explora tradições ancestrais e manifestações culturais ligadas à proteção do corpo, incluindo crenças africanas no Carnaval 2025.

27 de fevereiro de 2025

O enredo destaca a presença de elementos ancestrais, como benzedeiras, práticas espirituais herdadas da África (foto: Roberto Narciso/Divulgação)

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A escola de samba Acadêmicos do Salgueiro levará para a Marquês de Sapucaí, no Carnaval 2025, o enredo “Salgueiro de Corpo Fechado”. O tema aborda rituais de proteção utilizados por diferentes culturas ao longo do tempo, incluindo crenças africanas, práticas indígenas e elementos da cultura popular carioca.

O desenvolvimento do enredo está sob responsabilidade do carnavalesco Jorge Silveira. Ele explica que a inspiração veio da própria trajetória do Salgueiro e das manifestações culturais relacionadas a cerimoniais de fechamento de corpo. Segundo Silveira, a escola pretende utilizar esses elementos para atravessar a passarela do samba e apresentar um desfile conectado com suas origens.

Acadêmicos do Salgueiro se prepara para o Carnaval 2025

O enredo destaca a presença de elementos ancestrais, como benzedeiras, práticas espirituais herdadas da África, banhos de ervas e os talismãs trazidos pelos malês durante a Revolta na Bahia, no século XIX. Também haverá referências a figuras emblemáticas da cultura popular carioca, como ciganas da sorte, pombas-giras e o malandro batuqueiro.

A última vitória da escola na avenida foi no ano de 2009, com o enredo “Tambor”, que conta a importância dos tambores para as culturas de toda parte do mundo, desde então, acumula três títulos de vice-campeã.

Samba-Enredo de 2025 da Acadêmicos do Salgueiro

O samba-enredo do Salgueiro apresenta referências a entidades espirituais, rituais de proteção e personagens históricos e foi escrito por Xande de Pilares, Pedrinho Da Flor, Betinho De Pilares, Renato Galante, Miguel Dibo, Leonardo Gallo, Jorginho Via 13, Jefferson Oliveira, Jassa, W Correa.

Confira a letra abaixo:

Salve, seu Zé, que alumia nosso morro
Estende o chapéu a quem pede socorro
Vermelho e branco no linho trajado
Sou eu malandragem de corpo fechado

Macumbeiro, mandingueiro, batizado no gongá
Quem tem medo de quiumba não nasceu pra demandar
Meu terreiro é a casa da mandinga
Quem se mete com o Salgueiro, acerta as contas na curimba
Macumbeiro, mandingueiro, batizado no gongá
Quem tem medo de quiumba não nasceu pra demandar
Meu terreiro é a casa da mandinga
Quem se mete com o Salgueiro, acerta as contas na curimba

Prepara o alguidar, acende a vela
Firma ponto ao sentinela
Pede a bênção pra vovô
Faz a cruz e risca a pemba
Que chegou Exu Pimenta e a falange de Xangô
Tem erva pra defumar, carrego o meu patuá
Adorei as almas que conduzem meu caminho
É mojubá, marabô, invoque a Lua
Que o povo da encruza não vai me deixar sozinho

Sou herança dos malês, bom mandingo e arisco
Uso a pedra de corisco pra blindar meu dia a dia
No tacho, arruda e alecrim, ô
Bala de chumbo contra toda covardia

Tenho a fé que habita o sertão
De Lampião, o cangaceiro
Feito Moreno, eu vou viver
Mais de cem anos no meu Salgueiro
Tenho a fé que habita o sertão
De Lampião, o cangaceiro
Feito Moreno, eu vou viver
Mais de cem anos no meu Salgueiro

Sou espinho qual fulô de macambira
Olho gordo não me alcança
Ante o mal, a pajelança pra curar
Sempre há uma reza pra salvar
O nó desata, liberdade pela mata
E os mistérios do axé, meu candomblé
Derruba o inimigo um por um
Eu levo fé no poder do meu contra-egum


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