Marita Boos
Um dia após o encerramento da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 29), realizada em Baku, Azerbaijão, os participantes fazem um balanço dos avanços, desafios e do caminho à frente para enfrentar a emergência climática. O evento, que reuniu representantes de quase 200 países, encerrou-se neste domingo (24/11) com a aprovação de um acordo sobre a Nova Meta Quantificada Coletiva (NCQG, na sigla em inglês) de financiamento climático no âmbito do Acordo de Paris, deixando tanto promessas ambiciosas quanto questionamentos sobre sua implementação.
Avanços alcançados
Entre os principais resultados da COP 29, destaca-se o acordo de financiamento de US$ 150 bilhões anuais para um fundo voltado à transição energética de países em desenvolvimento. Além disso, avançaram as discussões sobre regulamentação do mercado de créditos de carbono e a incorporação de tecnologias inovadoras para a captura de carbono.
“O evento mostrou um compromisso mais robusto dos países desenvolvidos com o financiamento climático. Ainda assim, é necessário garantir que esses recursos cheguem efetivamente a quem mais precisa”, afirmou Inês Morales, diretora do Painel de Ação Climática Global.
Outro ponto positivo foi a criação de um grupo de trabalho para tratar das perdas e danos sofridos pelos países mais vulneráveis, com foco em soluções de adaptação e prevenção.
Desafios ainda pendentes
Apesar dos avanços, a COP 29 também deixou claro que os desafios continuam imensos. Um dos temas mais polêmicos foi a transição para a neutralidade de carbono. Muitos países criticaram o ritmo lento de algumas economias emergentes e a falta de clareza sobre os compromissos dos maiores emissores.
A falta de consenso sobre a eliminação gradual de combustíveis fósseis também foi apontada como um obstáculo, já que interesses divergentes entre países exportadores de combustíveis e defensores da energia limpa emperraram as negociações.
Próximos passos rumo à COP 30, em Belém
Com o encerramento da COP 29, as expectativas agora se voltam para a COP 30, que ocorrerá em novembro de 2025, em Belém, Brasil. Será a primeira vez que a região amazônica sediará o evento, trazendo para o centro do debate a proteção dos biomas tropicais e soluções baseadas na natureza.
Os especialistas destacam que é crucial que os países cheguem à COP 30 com metas mais claras e mecanismos de implementação definidos. Além disso, espera-se maior mobilização de recursos financeiros e tecnológicos para acelerar a transição global para energias renováveis.
A COP 29 encerrou-se como um lembrete do longo caminho a percorrer, mas também como uma plataforma de esperança. Agora, os olhos estão voltados para a Amazônia, onde a próxima conferência promete intensificar o debate global sobre descarbonização e justiça climática.