A cidade de Magé prepara-se para comemorar 460 anos de história em 2025, junto com o Rio de Janeiro, sendo as duas mais antigas povoações no entorno da Baía de Guanabara. E é nas margens da baía que Magé tem um dos símbolos da resiliência do município, o Parque Natural Municipal Barão de Mauá, imensa área de manguezais que está sendo recuperada e se consolidando como atração turística local.
O parque de Magé conta com terreno equivalente a 113 campos de futebol, e pode ser percorrido por uma passarela em madeira, com cerca de um quilômetro de extensão. O local tem ainda deck na praia e uma torre de observação com mais de 11 metros de altura, que permite uma visão da vegeração que está passando por recuperação há 25 anos. Há ainda alojamento para pesquisadores, lanchonete e espaço destinado a exposições.
Para essa infraestrutura no parque de Magé, houve um investimento de quase R$ 6 milhões. Mas muito mais foi gasto desde o desastre ambiental causado pelo rompimento de tubulações da Petrobrás, no ano 2000, que destruiu áreas de mangue em quase todo o entorno da Baía de Guanabara, retirando de um dia para o outro o sustento de milhares de pescadores e suas famílias.
Pescadores trabalham pela recupeção ambiental de Magé
Em Magé, o trabalho de recuperação, bancado inicialmente pelas multas convertidas em compensação ambiental, envolveu retirada do lixo, plantio de mudas e o monitoramento constante do ecossistema.
A restauração ambiental no município acontece lentamente, mas já pode ser vista no parque Barão de Mauá. Porém o impacto na vida dos pescadores atingidos pelo derramamento de óleo ainda não foi totalmente compensado. Em 2007, a Justiça condenou a Petrobras a pagar cerca de R$ 1,23 bilhão a 12.180 pescadores, mas a empresa recorreu da decisão, e somente em agosto de 2024 foi condenada a pagar provisoriamente cerca de R$ 400 milhões à Federação dos Pescadores do Rio de Janeiro (Feperj).
Parte dos pescadores ligados à Feperj são responsáveis atualmente pela limpeza da Baía de Guanabara, que diariamente recebe toneladas de lixo trazido pelos ventos e pelas marés.
O trabalho árduo dos pescadores, em Magé, recuperou 116 hectares de área degradada, restauranto uma floresta de manguezais. Ainda em 2012, o mangue local foi convertido em Parque Natural Municipal Barão de Mauá, uma Unidade de Conservação de Proteção Integral. O ambientalista Alfredo Sirkis (1950-2020) e o cantor Gilberto Gil são homenageados no parque, pois ambos são fundadores da Onda Azul, instituição que apoia os trabalhos de recuperação ambiental desde o desastre da Petrobras.