A Marinha do Brasil aguarda o desfecho das negociações retomadas pelo presidente Lula com o governo da França, para o avanço do submarino brasileiro com propulsão nuclear.
Lula, que foi o negociador do acordo com os franceses que deu início ao Prosub (Programa de Desenvolvimento de Submarinos) em 2008, em seu segundo mandato na Presidência, voltou ao assunto no ano passado, no seu encontro em Paris com Emmanuel Macron, presidente da França. No final de outubro, representantes daquele país estiveram em Brasília para dar sequência às conversas.
Na última sexta-feira, 12/1, a Marinha incorporou à sua frota o S 41 Humaitá, o segundo submarino de propulsão convencional, diesel-elétrica, previsto no acordo do Prosub. Há mais dois submarinos semelhantes sendo construídos no estaleiro e base naval de Itaguaí, a 60 km do Centro do Rio, instalações que também fazem parte do acordo iniciado por Lula.
O Prosub, em seus 15 anos de execução, já teria custado cerca de R$ 40 bilhões, porém há mais necessidade de recursos e tecnologia para seu grande objetivo, que é a construção do submarino de propulsão nuclear, com armas convencionais, sonho que a Marinha persegue desde os anos 70 do século passado. É em busca de mais tecnologia que o Governo brasileiro está conversando com os franceses.
O acordo assinado em 2008 previa “apoio francês, no longo prazo, para a concepção e construção da parte não-nuclear do submarino”. Isso incluía conhecimento para o design do casco do submarino de propulsão nuclear. Mas falta a tecnologia para acomodar o reator dentro do casco e fazer com que ele forneça energia até a propulsão. O reator é desenvolvido totalmente pelo Brasil, nas instalações da Marinha em Iperó, no interior de São Paulo.
Submarino de propulsão nuclear só existe em seis países
Para a conclusão do submarino de propulsão nuclear, há estimativa de que seriam necessários mais R$ 25 bilhões para o Prosub, com prazo de término do projeto para o início da próxima década. Se tudo der certo, o Brasil vai se juntar a um clube restrito que possui esse tipo de embarcação militar, composto pela França, China, Rússia, Estados Unidos, Reino Unido e Índia.
Para a França, o atrativo de um novo acordo é a expectativa de o Brasil se tornar um novo fornecedor de urânio, combustível essencial para aquele país manter e ampliar suas usinas de geração de energia elétrica e garantir independência do fornecimento de gás da Rússia.
O deputado Júlio Lopes (PP-RJ), presidente da Frente Parlamentar da Tecnologia e Atividades Nucleares do Congresso, defende o aumento da produção de urânio no país, inclusive para exportação.