Cenário clássico do Rio de Janeiro, cartão-postal da cidade para o mundo. No fundo, entretanto, um cemitério. Um relatório da Capitania dos Portos estima que, nas profundezas da Baía de Guanabara, há cerca de 51 embarcações e cascos abandonados nos últimos cinco anos. Agora, uma força-tarefa liderada pela PortosRio em parceria com o governo do Estado começa um trabalho de remover as carcaças que um dia foram navios que atravessavam a paisagem carioca, conforme revelou reportagem do Estadão.
A operação começou em 17 de maio, quando a sucata de um navio abandonado há 10 anos foi retirado. O processo leva cerca de cinco dias, e o material coletado pode ser destinado à reciclagem ou descartado, conforme normas ambientais. Mas o alerta inicial para o processo veio seis meses antes, em novembro de ano passado, quando uma embarcação à deriva colidiu com a Ponte Rio-Niterói.
Além das questões estética e ambiental, o cemitério de navios atrapalha a navegabilidade da Baía de Guanabara. Por isso, as embarcações identificadas já foram notificadas pela autoridade competente, o que é fundamental para o processo de remoção.
LEIA TAMBÉM:
Ameaçada, população de mico-leão-dourado cresce no RJ
MAR de portas abertas no Mês Internacional da Juventude
Decadência com elegância
Segundo o secretário estadual de Energia e Economia do Mar, Hugo Leal, os cascos apresentam diversos riscos aos navios em atividade. “Essas embarcações dificultam o acesso dos barcos de pesca ao cais, diminuindo a área de atracação e obrigando os pescadores a esperar mais tempo para conseguir atracar e descarregar seus barcos. Além disso, oferecem risco de acidentes em manobras”, afirmou.
Oportunidade para transformar a Baía de Guanabara
Na atual fase do projeto, com apoio da Prefeitura de Niterói, serão retiradas cinco embarcações de madeira, perto de um cais na Ilha da Conceição.
A situação atual também envolve riscos como lixo náutico, lixo urbano, esgoto despejado por municípios e potenciais vazamentos químicos. A Baía de Guanabara, que abriga 35 rios desaguando em suas águas e 53 praias, enfrenta décadas de problemas relacionados a embarcações abandonadas, que impactam a região de diversas formas.
A força-tarefa é uma oportunidade para renovar o potencial atrativo da região. “Vamos retirar todas as embarcações listadas no relatório da Capitania dos Portos e transformar a Baía de Guanabara em área saudável, beneficiando o ambiente, a economia e o turismo”, explicou Álvaro Sávio, presidente da autoridade portuária PortosRio.