Diário do Porto

Infraero infla Santos Dumont e ameaça legado de Lula no RJ

saguão do aeroporto santos dumont

Santos Dumont já está superlotado, mas Infraero aumenta ainda mais o limite de passageiros (foto: Agência Brasil)

Para a surpresa dos operadores de turismo, a Infraero decidiu ampliar de 9,9 milhões para 15 milhões de passageiros anuais a capacidade do Aeroporto Santos Dumont, indo contra os pedidos para diminuir as suas operações. Isso indica que a estatal gestora de aeroportos está radicalizando no governo Lula a estratégia de enfraquecer o Galeão, o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, que já foi o mais importante do Brasil e hoje está apenas em 16º lugar no ranking nacional. 

A reforma do Galeão foi uma das maiores obras nacionais motivadas pela realização das Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. A escolha do Rio, em 2009, para ser a primeira sede dos Jogos da América do Sul foi muito festejada pelo então presidente Lula, em seu segundo mandato, que se empenhou pessoalmente para a conquista. Tratava-se de um legado que ele pretendia deixar para o Rio e para o Brasil. 

Hoje, para recuperar o Galeão é necessário transferir para esse aeroporto a maior parte das linhas que estão no Santos Dumont, que deveria operar com no máximo 6 milhões de passageiros por ano, limitando-se aos voos para São Paulo, interior do Estado, Brasília e de aviação executiva. A decisão da Infraero é frontalmente contrária aos apelos que têm sido feitos há dois anos pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, e pelo governador Cláudio Castro, para evitar o esvaziamento do Galeão, que tem a maior pista de pouso do Brasil.

A superlotação do Santos Dumont, que tem uma pista muito menor, põe em risco não só a sobrevivência do Galeão, mas também a segurança aérea. O Santos Dumont é frequentemente fechado por falta de visibilidade e segurança. Além disso, seu excesso de passageiros tem aumentado os atrasos de voos. Ao final, a falta de coordenação entre os dois aeroportos causa prejuízos para todo o Estado do Rio e seus moradores.

Infraero e o patrimônio que ainda é da União

A política da Infraero lesiva ao Galeão causa estranheza, pois a empresa é a representante da União na gestora do Galeão. Embora o aeroporto internacional tenha sido privatizado, 49% ainda são propriedade federal. Ou seja, ao inviabilizar o Galeão, a Infraero e o Governo desvalorizam um patrimônio público, um tema para análise do Tribunal de Contas da União (TCU).

Em 2013, no governo de Dilma Rousseff, a licitação do Galeão foi vencida pela empresa Changi, com lance de R$ 19 bilhões, o maior já registrado em privatizações de aeroportos do país. A Changi administra o aeroporto de Cingapura, considerado o melhor do mundo. A operação de concessão do Galeão foi considerada um sucesso absoluto.

As obras de ampliação custaram R$ 2 bilhões e foram inauguradas por Dilma em maio de 2016, meses antes de seu impeachment. Foram 100 mil metros quadrados de obras, com 26 novas pontes de embarque, três com especificações para acomodar as maiores aeronaves do mundo. O Galeão, no entanto, chegou ao atual governo Lula mergulhado na pior crise de sua história, que a decisão da Infraero aprofunda. 


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