Calma. Ainda não foi dessa vez que o Grupo Autonomy, dono do Moinho Fluminense, revelou detalhes de seu projeto para uma das construções históricas mais charmosas e imponentes do Porto Maravilha. Um vídeo do grupo no Instagram, no entanto, indica que o bairro da Gamboa, onde estão os imóveis, pode se preparar para dias melhores, principalmente no entorno da Praça da Harmonia.
A Autonomy Investimentos & Affiliates comprou os imóveis do Moinho Fluminense em julho de 2019 e deu início a um processo de demolição de uma construção sem valor arquitetônico voltada para a Rua Sacadura Cabral. Em agosto do ano passado, a empresa disse ao DIÁRIO DO PORTO que o projeto pra o local teria vários usos, sugerindo um mix de áreas comerciais que poderiam incluir um shopping, escritórios e até hotel.
Renovação e memória
Uma área residencial, naquele momento, não parecia estar nos planos da empresa. As mudanças impostas pela pandemia, com a predominância do home office, e a atuação da prefeitura para levar moradias à região central da cidade podem ter alterado o projeto.
Porém, em um vídeo postado pelo Autonomy Investimentos nesta segunda-feira 10 no Instagram, não há pista de que haverá unidades habitacionais no lançamento. A peça é um teaser, um recurso de propaganda para novos produtos que omite a identificação do produto com o objetivo de provocar a curiosidade do público em torno de seu lançamento iminente.
‘Experiências culturais incríveis’
“O que eu espero para o futuro? Eu espero poder transformar a vida das pessoas”, diz o vídeo, que começa a contar a história da área desde a inauguração, pela princesa Isabel, da primeira fábrica de moagem industrial do Brasil, até a chegada do Grupo Autonomy.
“Passado, presente e futuro em um só lugar. Imagine só. Moinho Fluminense, um destino contemporâneo de negócios, comércio, experiências culturais incríveis. Minha nova família também trouxe novos olhares: a sustentabilidade e o impacto social são valores que ganharam destaque nessa nova trajetória (…) Deixo com vocês a certeza de que vamos viver muita coisa juntos”, antecipa o teaser.
O vídeo conta a história da fábrica e exaltando seu papel na renovação da cidade ao longo do tempo. A aquisição do Moinho Fluminense, segundo o texto de apresentação do vídeo, representa “uma grande iniciativa na renovação e recuperação da memória nacional”. A valorização da memória indica que o temor de uma demolição não parece se justificar.

“Neste projeto transformador, nosso foco está direcionado para a valorização do patrimônio e para a transformação social, através da conexão com a história do empreendimento e o envolvimento com a comunidade ao redor”, complementa o texto de apresentação do vídeo, que você pode conferir clicando aqui. O Moinho completa 134 ano em agosto.
A empresa, com sede em São Paulo, não divulgou data para o lançamento de seu projeto, já no ano passado disse ao DIÁRIO que estava realizando a limpeza e manutenção das edificações protegidas, “de acordo com as diretrizes dos órgãos de preservação do patrimônio”. Uma das especialidades da Autonomy é adquirir prédios antigos para reformar.
LEIA TAMBÉM:
Ex-Comperj: Itaboraí quer ser a capital do gás natural
Polo Gastronômico no Porto fortalece bares e restaurantes
Empresas criam o Distrito Empresarial do Porto
No Centro do Rio, a empresa já realizou projetos desse tipo, como o da Standard Oil e o Ouvidor 107, todos retrofitados. No Porto, a companhia é dona do edifício comercial Vista Guanabara, vizinho do Moinho, na Avenida Venezuela. Nesse caso, porém, a obra foi erguida do zero.
Em setembro de 2019, a Prefeitura autorizou a demolição das áreas do Moinho que não estão protegidas por tombamento. As partes mais nobres da propriedade são as voltadas para a Praça da Harmonia – uma construção com tijolinhos aparentes, em estilo europeu – e os módulos interligados que se estendem pelas avenidas Venezuela e Rodrigues Alves e Via Binário. A propriedade tem 53 mil metros quadrados de área construída em um terreno de 27 mil metros quadrados, ocupando 4 quarteirões.