Lançado em 2019, o projeto para criação da Universidade do Mar, importante para a recuperação da Baía de Guanabara, deu mais um passo para sair do papel. Representantes do Governo do Estado do Rio de Janeiro, de órgãos ambientais e da Marinha fizeram nesta segunda-feira 17 uma visita técnica aos pontos que sediarão o empreendimento, em Paquetá.
O palacete construído pela Família Guinle na Ilha de Brocoió, segunda sede do Governo do Estado, vai sediar o campus avançado no mar da mais nova universidade fluminense, vinculada à Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
Tombado por seu valor histórico e cultural pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), o imóvel encontra-se em bom estado de conservação, com cuidados permanentes. Foi construído na década de 1930 e utilizado como residência de praia pelo governador do Estado ou como segunda opção para hospedar autoridades.

Já o campus avançado em terra será instalado no antigo Solar del Rey, abandonado no coração da Ilha de Paquetá. Por 20 anos o casarão sediou a Biblioteca Pública de Paquetá, mas está fechado há 11 anos, com o terreno coberto de capim colonião e entulho. Entre 2019 e 2020 a Secretaria Municipal de Cultura (SMC), gestora do Solar, junto com a Riourbe, elaborou um projeto de restauração do casarão que foi aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), mas as obras ainda não saíram do papel.

Recuperação da Baía
Nos dois campus avançados da Universidade do Mar, estão previstas atividades de ensino, pesquisa e extensão universitária; cursos de capacitação de professores e de formação politécnica, além de cursos livres voltados às comunidades pesqueiras artesanais e à população em geral. Também serão oferecidos cursos técnicos nas áreas de Meio Ambiente, Turismo e Pesca/Aquicultura, Gastronomia, Ecoturismo e Turismo de Base Comunitária.
“O objetivo estratégico da Universidade do Mar é apoiar o processo de desenvolvimento socioeconômico com sustentabilidade ambiental do estado, por meio da elaboração de um Plano de Recuperação Integral da Baía de Guanabara, com metas a serem adotadas por órgãos públicos e empresas”, explica Sergio Ricardo, do movimento Baía Viva.
Além de promover o desenvolvimento das Ciências do Mar e da Economia do Mar (Economia Azul, ONU), a Universidade do Mar realizará projetos de monitoramento ambiental e de conservação da biodiversidade marinha, como o boto-cinza (Sotalia fluviatilis). Apesar de ser o símbolo do brazão do Estado do Rio de Janeiro, o animal está ameaçado de extinção. Ainda no local serão desenvolvidos projetos de Educação Ambiental voltada a uma mentalidade marítima e costeira, com apoio a projetos de Extensão Pesqueira e de preservação do patrimônio histórico-cultural.

“O projeto também pretende dar publicidade dos resultados de indicadores socioambientais e de saúde ambiental dos ecossistemas por meio da articulação institucional de diversos atores sociais de governos, empresas e da sociedade civil”, acrescenta o ambientalista.
A Universidade do Mar atende a compromissos com algumas das principais agendas internacionais: “Década do Oceano” (ONU, 2021-2030); “Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável”; “Década da Restauração de Ecossistemas” (2021-2030); Agenda 2030 (ONU) para o Desenvolvimento Sustentável, que tem como metas instituir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs).
O projeto, até o momento, já conta com o apoio institucional de mais de 30 departamentos e laboratórios de universidades públicas e privadas e outras instituições científicas, organizações da sociedade civil, entidades do setor pesqueiro e órgãos públicos. Está prevista a criação de um consórcio (pool) de instituições que atuarão de forma cooperativa por meio de um Conselho Gestor a ser formado pelas organizações apoiadoras desta iniciativa.