
Parece ter chegado ao fim a agonia do Edifício A Noite, que chegou a ser o prédio mais alto da América do Sul mas, nos últimos anos, foi sendo reduzido a símbolo da incompetência do governo federal. A União, proprietária do colosso art déco de 1929, cedeu-o para o Tribunal Federal de Recursos (TRF-2). O contrato de cessão, segundo o jornal Extra, foi assinado sexta-feira 7 em Brasília.
O TRF-2 funciona na Rua do Acre, perto da Praça Mauá, e vinha procurando uma nova sede. Era um dos principais interessados em ocupar a torre de lajes corporativas do Porto Atlântico, da Odebrecht, no Santo Cristo, um dos grandes empreendimentos da região que seguem desocupados.

O edifício A Noite foi projetado por Joseph Gire e Elisário da Cunha em estilo art déco, marcando para sempre a paisagem da Praça Mauá. No entanto, quem passa hoje por ali tem a impressão de que ele foi definitivamente abandonado pelo governo federal.

O desleixo é tão grande que o governo nem parece se incomodar com a pixação “Fora Temer” nas vigas de concreto do terraço, que as lentes do Diário do Porto captaram. Em setembro, aliás, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), a Justiça Federal condenou a União, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) a recuperar e restaurar as quatro fachadas do edifício. Na ocasião, o DIÁRIO DO PORTO noticiou.
A sentença determinou reparação, recuperação ou substituição dos elementos estruturais de concreto armado deteriorados, comprometidos, em ruínas ou em estado crítico. A reforma deve ser acompanhada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e pelos demais órgãos de fiscalização estadual e municipal.
Segundo o jornal Extra, o contrato de cessão foi assinado pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU) e pelo presidente do TRF-2, desembargador André Ricardo Cruz Fontes.
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O edifício ficou famoso nos anos 1930 e 1940, como sede da Rádio Nacional. Tem 22 andares, 102 metros de altura e foi sede de multinacionais e consulados. O tombamento pelo Iphan só ocorreu em 2013, e os últimos ocupantes foram a EBC e o INPI.
O TRF-2 tem agora 180 dias para apresentar o plano de reformas. Segundo a SPU, está prevista a criação de um museu e adaptações no edifício para instalação de diversas varas de Justiça.