As tartarugas marinhas da Baía de Guanabara estão apresentando um quadro de saúde melhor, segundo a professora de anatomia patológica veterinária da Universidade Federal Fluminense (UFF), Kassia Coelho. Em sua análise, as amostras coletadas desses animais e da água do mar indicam que o ambiente está muito mais saudável. Os pesquisadores estão relacionando essa melhora aos primeiros efeitos dos recentes projetos de saneamento no entorno da baía.
Um exemplo dos benefícios da melhor qualidade ambiental está acontecendo com tartarugas marinhas que sofrem com uma doença que afeta a pele e seus órgãos internos. Elas são acompanhadas pelos pesquisadores e estão começando a apresentar parâmetros mais positivos de saúde. A doença compromete movimentos, alimentação e visão dos animais, com potencial de levá-los à morte. As pesquisas associam a doença, fibropapilomatose, com um vírus e fatores de degradação do ambiente.
Para Kassia Coelho, os resultados das pesquisas indicam que as tartarugas marinhas estão se beneficiando com o saneamento. “Analisamos a saúde por meio da coleta de sangue e dos tumores que essas tartarugas têm, e também a biometria dos animais, vendo o crescimento deles ao longo dos anos”, explicou. “Muitas dessas tartarugas são recapturadas e a gente pode avaliar se cresceram, se estão mais pesadas, se emagreceram, se têm mais ou menos tumores”.
Alexandre Bianchini, vice-presidente da empresa brasileira de tratamento de água e esgoto Aegea, afirma que cerca de R$ 2 bilhões estão sendo investidos no saneamento da Baía de Guanabara. “A natureza responde”, ele disse.
A Baía de Guanabara já foi um berçário rico em vida marinha, mas ao longo dos anos sofreu com o despejo de esgoto e outros tipos de lixo. Em 2022, os cientistas descobriram que três quartos das tartarugas marinhas do local eram portadoras de tumores. O oceanógrafo e professor da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Gustavo Baila, diz que a atual pesquisa na baía mostra que os animais estão melhores do que há dois anos.
“As tartarugas são espécies marinhas muito importantes para a conservação marinha. Em 2022, a gente observou uma alta incidência de tartarugas marinhas com tumores, com deformidades que acabam sendo muito graves para o desenvolvimento dos animais”.
O Brasil abriga cinco das sete espécies de tartarugas que existem nos mares. Porém, o habitat natural desses animais é frequentemente degradado pelo homem. Os conservacionistas cobram medidas mais rigorosas para proteger essas espécies.
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