
Devido ao sucesso de público, a exposição “Concrescer”, no Parque das Ruínas, em Santa Teresa, foi prorrogada até 27 de janeiro. Inspirada na poesia concreta brasileira, a mostra apresenta nove obras criadas pelos artistas Francisco Zorzete e Jorge Bassani. A exposição ganhou também o “Encontro Concrescer – Arte, Poesia, Cidade e Política em debate”. Será acontece na galeria do parque no sábado 19, às 15h.
O evento contará com os artistas da exposição, com a museóloga Mariana Várzea e o poeta Jorge Salomão. A mediação será do jornalista Nelson Gobbi. Os debatedores conversarão com o público sobre a interseção entre arte, poesia, cidade, identidade, resistência e intolerâncias. Além disso, outras questões que reforçam a força política das artes contemporâneas compõem o debate.
A proposta é refletir sobre o diálogo entre as artes visuais e a poesia, como formas de re-imaginar a cidade, ocupar criativamente os espaços e “fortalecer a resistência política em tempos de intolerância”, segundo a divulgação.
A exposição mostra que, apesar da revolução digital ter derrubado limites entre códigos e linguagens, a experiência poética é sensorial. Por isso, a espacialização dos poemas em sua concretude conduz a outras condições de experimentação da poesia. Assim, preservam muitos de seus atributos semânticos e gráficos, mas propõem novas formas de percepção e leituras.
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Na mostra, estão expostas obras como a Rosa Doente, poema de Willian Blake, e Ocupe se Vire, inspirada no poema “pílulas do tipo deixa o pau rolar” de Torquato Neto. O artista morreu há 46 anos. Esta última é uma obra adesivo e o público pode levá-la para casa.
“Esta homenagem ao Torquato não é para lembrar a morte do grande poeta, mas para agradecer a poesia e a vida que ele nos deixou”, dizem os artistas Francisco Zorzete e Jorge Bassani.
A pesquisa que originou as obras desta mostra recebeu o nome de Transcodificações. O título surgiu da ideia de tradução para códigos diferentes. Nesse caso, do verbal gráfico (a palavra escrita e toda a superestrutura sintática e léxica) para o puramente visual (cores e formas sem relação mimética com o pressuposto semântico).
“Desde o início, contamos com a colaboração e a orientação valiosíssima de Augusto de Campos e Júlio Plaza. Além disso, muitas outras grandes personalidades da poesia concreta. Como, por exemplo, Décio Pignatari, Haroldo de Campos, Ronaldo Azeredo e Pedro Xisto”, explicam Bassani e Zorzete. “Todos generosamente nos receberam e se dispuseram a longos debates sobre a intrínseca relação de suas obras poéticas com a visualidade da folha impressa.”