Começou nesta quinta-feira 17 a pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Paquetá, em parceria com a Prefeitura do Rio. O experimento quer avaliar em quanto tempo a população poderá deixar as medidas restritivas, como isolamento social e uso de máscaras. Não há números precisos sobre a vacinação deste domingo 20 em Paquetá, mas a expectativa da Secretaria Municipal de Saúde é de que ao menos 1,5 mil pessoas sejam imunizadas.
O primeiro passo é um censo epidemiológico de todos os moradores de Paquetá para dimensionar a presença do coronavírus. A testagem dos moradores – inclusive crianças – acontece de quinta a sábado, em vários pontos da ilha. A partir da coleta de sangue, o objetivo é saber quantos já foram infectados e se desenvolveram anticorpos. Quem já tomou as duas doses do calendário (Coronavac, Astrazeneca ou Pfizer) também pode participar da coleta do sangue para a pesquisa.
A testagem será dividida em três etapas: os vacinados, os que não receberam a vacina (ou não podem se vacinar) e um terceiro grupo, chamado de “grupo de intervenção”, com pessoas acima de 18 anos ainda não vacinadas. A partir da testagem, ao identificar quem está positivo para a Covid-19, será avaliada qual variante está circulando na área. Guto Pires, presidente da Associação de Moradores de Paquetá, a Morena, calcula que pelo menos metade dos moradores da ilha, na qual moram muitos idosos, já está vacinada.

Domingo tem primeira dose
O pesquisador da Fiocruz José Cerbiano Neto explica que as pessoas são totalmente voluntárias e assinarão um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Em qualquer momento da pesquisa, podem decidir se querem permanecer ou não. Nenhum nome será exposto pela prefeitura. “Nenhuma etapa é condicionante de outra. Pode colher o sangue e não se vacinar ou pode fazer as duas coisas e não participar do evento-teste”, disse ele.
No domingo 20, as pessoas do grupo de intervenção receberão a primeira dose da Oxford/Astrazeneca, produzida pela Fiocruz. Em oito semanas (meados de agosto), a segunda dose será aplicada no mesmo grupo. Hoje, a segunda dose da vacina do imunizante é aplicada em 12 semanas, por conta da escassez de doses. Após a vacinação, haverá uma nova testagem para comparar os grupos e identificar a ‘soro-conversão”, a efetividade da vacina.
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Carnaval fora de época
Sobre o carnaval fora de época, anunciado para setembro pelo prefeito Eduardo Paes e criticado pelos moradores, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz explicou em live promovida pela Morena que a ideia é realizar uma festa sem o uso de máscara ou distanciamento social, para testar a eficácia da imunização dos moradores do bairro. Mas ressaltou que tudo vai depender da adesão dos moradores na primeira fase do estudo e da cobertura vacinal.
“Queremos fazer o teste com 100% das pessoas imunizadas, em um evento controlado, que só irá ocorrer 14 dias após a segunda dose e quando não tiver circulação do vírus na ilha”, afirmou. Sobre a insegurança de muitos moradores, o pesquisador da Fiocruz explicou: “Há uma grande diferença entre ser cobaia e voluntário. É importante que o morador queira participar com total ciência de tudo que irá ocorrer. A pesquisa segue normas éticas e a legislação.”
Voluntários que estão trabalhando na pesquisa estão sendo treinados para esclarecer a população. Aqueles que já tomaram a primeira dose devem aguardar o seu calendário para realizar a segunda dose. A vacinação de adolescentes a partir de 18 anos não está descartada, mas vai depender da inclusão deste grupo pelo Plano Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde.