Diário do Porto

Rio protege Galeão para não ser província de São Paulo

Aeroporto do Galeão passageiros no corredor

Aeroporto Internacional do Rio, o Galeão, incomoda os aeroportos dos Estados vizinhos (Galeão/Divulgação)

Galeão / Artigo

     Antonio Carlos de Faria

O ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, ao sugerir que só um projeto de lei seria capaz de garantir as transferências de voos do Aeroporto Santos Dumont para o Aeroporto do Galeão, manifesta claramente a força do movimento que quer manter o Rio como uma província aérea de outros Estados, principalmente de São Paulo. A proposta de um projeto de lei no lugar de uma simples portaria é tudo o que as empresas concessionárias concorrentes do Galeão querem ouvir.

Uma portaria teria efeito imediato, enquanto um projeto de lei no Congresso levaria meses para ser aprovado. Além disso, ficaria suscetível a todo tipo de lobby que quer asfixiar o Galeão, fazendo que o fluxo aéreo do Rio continue a abastecer as conexões em outros Estados.

O prefeito Eduardo Paes já se manifestou contra a intenção do ministro e disse que vai exigir do presidente Lula o cumprimento do acordo realizado em junho, pelo qual o Galeão receberá todos os voos do Santos Dumont, com exceção dos realizados para São Paulo ou Brasília. A resistência do ministro e de sua equipe em implantar uma política já decidida pelo presidente é de todo estranha num momento em que não faltam notícias sobre mudanças ministeriais.

E é uma resistência estranha que se escuda em um argumento falacioso. A desculpa para o tal projeto de lei é que as empresas aéreas, pela legislação atual, teriam o direito de escolher em que aeroporto operar, não estando obrigadas a seguir uma portaria. Ora, em primeiro lugar, nenhuma lei dá a empresas o direito de prejudicar a sociedade e é disso que se fala quando se promove a superlotação do Santos Dumont e o esvaziamento do Galeão. Em segundo lugar, e isso é ainda mais estranho, as próprias companhias aéreas já começaram a divulgar seus planos de transferências de voos para o Galeão, sendo que a Gol foi a primeira.

Então, se não são as companhias aéreas que estão resistindo, voltamos de novo àquilo que é evidente. As concessionárias de outros Estados querem que o Galeão continue sendo esvaziado, apesar de o Rio ser o destino turístico mais conhecido do Brasil no exterior, apesar de ser o maior produtor de petróleo do país, apesar de o Galeão ser o aeroporto brasileiro mais seguro e moderno, gerido pela melhor operadora de aeroportos do mundo.

Nos últimos 20 ou 30 anos, o Rio passou por um processo de esvaziamento econômico constante. Talvez pelo fato de viverem em um ambiente de extrema riqueza natural, cultural e histórica, cariocas e fluminenses nunca foram de reclamar. Mas parece que na questão do Galeão houve um súbito despertar. A malandragem contra o Rio dessa vez não está tendo vida fácil.


LEIA TAMBÉM:

Fecomércio traz de volta ao Rio o maior evento de turismo do país

Festa da padroeira de Maricá terá shows populares e religiosos

Marinha quer que Prosub, no RJ, exporte submarinos

 

Sair da versão mobile