Diário do Porto

Recuperação do Galeão é posta em risco pela SAC

Passageiros caminham pelo saguão do Galeão

Galeão pode chegar neste ano a 14,5 milhões de passageiros, crescendo mais de 80% em relação a 2023 (foto: Diário do Porto)

O processo de recuperação do Galeão, o Aeroporto Internacional do Rio, corre risco de retrocesso. Um parecer da Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC), assinado pelo secretário Tomé França, propõe retomar os voos no Santos Dumont, subindo do atual limite de 6,5 milhões de passageiros para 10 milhões, por ano.

Sem qualquer justificativa para essa expansão, o documento do último dia 7 ignora que o fortalecimento do Galeão, a partir da restrição de voos no Santos Dumont, foi uma decisão do presidente da República, Lula, em sintonia com o prefeito, Eduardo Paes, e o governador, Cláudio Castro, embasados em estudos técnicos. A medida, estabelecida a partir de outubro do ano passado, nasceu da mobilização e pressão de vários setores da sociedade fluminense, incluindo a Assembleia Legislativa, a Firjan e a Fecomércio RJ.

Graças às restrições de voos no Santos Dumont, o Galeão recebeu novas linhas nacionais que alimentam rotas para o exterior, voltando à sua vocação de ser um hub aéreo internacional. As previsões do RIOgaleão, feitas em seminário da Associação Comercial do Rio na semana passada, apontam que o Aeroporto Internacional do Rio poderá chegar neste ano a 14,5 milhões de passageiros, num crescimento de mais de 80% em relação ao ano passado.

Em um trecho de seu parecer, enviado ao presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) no último dia 7, Tomé França diz que, mesmo que os impactos das restrições de voos no Santos Dumont tenham sido positivos na percepção dos passageiros, “é fundamental reavaliar a adequação da referida política pública”.

Apesar de considerar “fundamental”, ele não apresenta no documento nenhuma razão para essa mudança e em seguida faz a proposta de aumento gradativo do número de passageiros, a partir de novembro, até o Santos Dumont voltar a ter 10 milhões de passageiros, no próximo ano, o que significa anular a política decidida por Lula, Paes e Castro.

Galeão foi esvaziado pela superlotação do Santos Dumont

A superlotação do Santos Dumont foi um dos fatores principais para o esvaziamento do Galeão, o que acarretou grandes prejuízos para a economia do Estado do Rio nos últimos anos. Só ganhavam com isso os aeroportos de outros Estados, principalmente o de Guarulhos, em São Paulo, que lucrava com os voos internacionais que deixaram de ser operados diretamente no Rio.

O retorno da política anterior, como quer o secretário Tomé França, não beneficia em nada a economia fluminense, mas é de grande interesse para as concessionárias de aeroportos concorrentes do Galeão.


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