A praia de Botafogo, na Zona Sul, voltou a registrar dias com condições próprias para banho, após décadas marcada pela poluição. Desde maio, boletins do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) vêm indicando melhora constante na qualidade da água, especialmente no trecho central da orla, em frente à rua Marquês de Olinda.
A recuperação é resultado de uma série de intervenções ambientais, segundo o Inea. Entre elas, destaca-se a limpeza do Interceptor Oceânico da Zona Sul, que passou a operar com capacidade total após a retirada de 3 mil toneladas de resíduos. O sistema direciona esgoto ao Emissário Submarino de Ipanema, levando as águas poluídas de rios como o Carioca e o Berquó diretamente para o alto-mar, o que antes acontecia diretamente na praia de Botafogo e também na do Flamengo.
Dados do Inea mostram que, entre 2007 e 2021, apenas sete boletins registraram a praia de Botafogo como própria para banho. Em 2025, dos 34 testes realizados até agora, nove apontaram balneabilidade positiva — avanço significativo, embora ainda distante dos índices de Urca (76%) e Flamengo (85%).
Apesar de apresentar dias com a água limpa, o movimento de banhistas na praia de Botafogo ainda é tímido. Mas o local continua sendo atrativo para os visitantes que buscam belas fotos, com o Pão de Açúcar ao fundo da enseada repleta de barcos.
Especialistas e ambientalistas avaliam que a recuperação pode impactar a economia local, com potencial para geração de renda e uso recreativo da orla. A expectativa é de que a melhoria seja mantida e ampliada com investimentos previstos em obras de saneamento e instalação de coletores em tempo seco, que devem evitar o despejo de mais de 1 bilhão de litros de esgoto por dia na Baía de Guanabara.
O Inea alerta que, mesmo com a melhoria, é preciso evitar o banho após chuvas e próximo a saídas de drenagem, onde há maior risco de contaminação. Ainda assim, a mudança marca um novo capítulo para uma das praias mais simbólicas do Rio, historicamente afastada da vida à beira-mar.