Como o comércio do Pólo Gastronômico, Histórico e Cultural da Praça XV sofre e tem reagido aos efeitos da pandemia do novo coronavírus? E quais são as saídas apontadas pelos comerciantes para recuperar a efervescência do período anterior à longa quarentena forçada? A realidade do passado é possível no ‘novo normal’?
Uma pesquisa apresentada esta semana pelo Instituto Rio21 aponta os principais desafios enfrentados por gestores e donos de estabelecimentos comerciais e culturais na região, envolvendo questões como investimentos, políticas públicas, mudança de perfil dos empreendimentos e problemas de infraestrutura na região, entre outros aspectos.
O levantamentomostrou que 33% funcionaram com horário restrito, e 30% simplesmente não abriram. Outros 25% fecharam as portas por determinado período e depois reabriram parcialmente. Somente 8% tiveram que fechar em algum momento e retomaram depois normalmente as atividades. Apenas 5% estão funcionando direto, sem interrupções.
Com isso, a demanda por produtos e serviços piorou ou piorou muito para 97% dos estabelecimentos – apenas 3% mantiveram a mesma demanda, o que levou a uma queda de até 70% no faturamento médio. Para 66% dos entrevistados, a redução no fluxo de pessoas circulando pelo Centro do Rio e a adoção do home office nas empresas foram o principal motivo.
Outros 10% apontaram problemas com a segurança; 8% apontaram a presença maior de pessoas em situação de rua na região, e 5% o maior número de camelôs e vendedores ambulantes e a falta de investimentos do poder público. Houve ainda queixas em relação à reorganização do transporte público (3%) e à falta de iluminação e limpeza (2%).
Programa Reviver Centro
Os proprietários tiveram a oportunidade de expor seus pontos de vista sobre o impacto da crise sanitária nos seus negócios e opinar sobre a série de investimentos previstos para a região central da cidade, com iniciativas como o programa Reviver Centro, da Prefeitura do Rio.
Realizada a pedido do DIÁRIO DO RIO, Sérgio Castro Imóveis e Capitu Bar, a análise leva em conta as dificuldades enfrentadas diariamente pelos trabalhadores que atuam no polo da Praça XV. A avaliação também revelou todo potencial econômico, social e artístico da região, mostrando que é possível reativar esse trecho da cidade, mesmo diante dos obstáculos, que se agravaram com a pandemia.

A região abriga inúmeros prédios históricos importantes, como o da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e o Paço Imperial, e monumentos como Chafariz do Mestre Valentim, a Estátua Equestre de Dom João VI, a Estátua Equestre do General Osório e a Estátua do Almirante Negro.
O Centro do Rio, de maneira geral, também ganha destaque com uma série de dados, não só sobre a atividade comercial propriamente dita, mas com transporte, segurança, ordem pública, conservação do patrimônio público e ausência de investimentos públicos. O estudo também reúne os principais meios de transportes, como o VLT, barcas, trens e ônibus que ligam todas as regiões.
Além de um recenseamento do Polo da Praça XV, o estudo coletou dados entre os dias 23 de fevereiro e 25 de março junto aos estabelecimentos para saber de que maneira eles foram afetados pela pandemia de Covid-19. O levantamento contou com o parecer de 64 gestores e proprietários que exercem atividades gastronômicas, históricas ou culturais na região.

Como o poder público vê a iniciativa
O estudo foi foi apresentado na tarde da última quinta-feira, dia 15, em um evento que reuniu autoridades públicas e proprietários de bares e restaurantes da região da Praça XV. Eles debateram soluções para que as vocações da área central da cidade voltem a ser potencializadas e como a união dos comerciantes pode reverter o quadro adverso.
O subprefeito do Centro, Leandro Pavão, elogiou a inciativa: “Esse movimento que o Polo da Praça XV está fazendo é muito importante. O polo é organizado, esta com uma galera nova, jovem, que deseja que as coisas deem certo no centro da cidade. A Subprefeitura do Centro está de portas abertas para o diálogo, com muito respeito, e vamos mergulhar para que o centro da cidade volte a dar certo“.
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Já o vereador Pedro Duarte (Novo) ressaltou a importância de se ter informações atualizadas para poder direcionar os investimentos na região. “Esse trabalho do Polo Praça XV para realizar um mapeamento da situação atual do setor frente à crise da Covid é essencial. Isso permitirá melhores políticas públicas por parte do Executivo e do Legislativo. A união entre sociedade e Poder Público é fundamental para o Centro voltar a dar certo”.

Retorno ao trabalho presencial
“A pesquisa demonstra claramente o impacto direto da pandemia na rentabilidade do comércio, e consequentemente dos investidores em imóveis no Centro do Rio. As coisas só vão voltar a melhorar com o retorno, principalmente, do setor público e das empresas de economia mista, ao trabalho presencial”, avalia o diretor da Sérgio Castro Imóveis, Cláudio Castro.
Ele destacou pontos da pesquisa sobre a volta das atividades presenciais como forma de alavancar a retomada do Centro. “Essa história de “novo normal” é bonitinha para teorias, mas só o trabalho presencial, comprovadamente, com a interação presencial dos seres humanos, promove os valores de uma empresa, sua cultura, e a troca de ideias que fazem o engrandecimento das organizações e das próprias pessoas”, comentou.
Diálogo entre poder público e iniciativa privada
Diretor de Pesquisa do Instituto Rio21, Philippe Guedon explicou o objetivo do estudo e salientou a importância de se traçar um panorama da região, a fim de definir quais áreas carecem de um olhar mais atento do Poder Público.
“Foi um privilégio fazer parte desse esforço de entender o Centro do Rio de Janeiro e oferecer um panorama sobre a atual situação do comércio e da vida local. A partir do nosso esforço metodológico, será possível uma intervenção informada do poder público, auxiliando na dinamização do comércio e dos serviços e a melhoria dos serviços públicos na região”, explicou.
Segundo ele, o estudo também foi importante para que os próprios comerciantes e proprietários locais tomassem conhecimento do Polo, das suas atividades e, principalmente, da sua potencialidade. “Esperamos que seja uma oportunidade de contribuir para o diálogo entre poder público e a iniciativa privada, caminhando juntos em prol do desenvolvimento da região“, finalizou.
pesquisa completa pode ser acessada AQUI.