A CCR Barcas tomou uma atitude para reduzir o sofrimento que impōe aos moradores e turistas de Paquetá. Botou um funcionário com megafone na Praça XV para recomendar aos passageiros da barca de sábado às 10h que evitem passar a tarde na ilha porque a empresa não pode garantir um retorno confortável aos passageiros.
O simpático funcionário recomenda que os turistas voltem logo em seguida, na barca das 14h30, pois a barca seguinte, que só parte da ilha quatro horas depois, às 18h30, é sempre lotada. Após este horário, só tem barca de volta para o Rio às 23h30, para aqueles que têm coragem para encarar a Praça XV de madrugada.
É desolador o desprezo do poder público – e da CCR Barcas – com o cenário do clássico A Moreninha (Joaquim Manuel de Macedo, 1844), uma ilha que abrigou nobres do Império, inspirou Di Calvalcanti (1897-1976) e até resiste como um dos pontos turísticos mais agradáveis do Rio. Não há carros em Paquetá, e o tempo só não parece ter parado porque modernos carrinhos elétricos circulam no lugar das antigas charretes a cavalo. A visita vale muito a pena.
A barca é o único transporte para a ilha, um monopólio que era público e se tornou privado. Os competentes gestores privados da concessão pública desse serviço essencial tiraram barcas de circulação por causa da pandemia. O movimento turístico já voltou ao normal, com embarcações lotadas, mas a empresa não revê a grade de horários. Isso porque Paquetá é uma joia histórica e cultural da cidade mais turística do Brasil.

Mesmo assim, com horários tão espaçados, a CCR Barcas só abre o portão para o embarque uns 10 minutos antes, e então “estoura a boiada”, como dizem os passageiros. Antes disso, a barca fica ali horas, parada na estação, e os passageiros vão se aglomerando, se apertando, no pequeno hall do embarque.
Ninguém orienta fila alguma ou oferece álcool em gel, não há organização de nada, o espaço é apertado. Na verdade, tem o funcionário de megafone aconselhando a evitar a barca da CCR no único horário disponível após o almoço. Quem avisa amigo é. Já é alguma coisa.
*Aziz Filho