
Da Gamboa para o mundo. O título de Patrimônio Mundial para o Cais do Valongo será oficialmente entregue pela Unesco (Representação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) na sexta-feira, dia 23. O momento histórico marca a abertura de um seminário no Museu de Arte do Rio (MAR) sobre a gestão inovadora do novo patrimônio mundial, compartilhada entre a Prefeitura do Rio, a Unesco e o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), do governo federal.
O seminário internacional no MAR reunirá instituições públicas com representantes dos movimentos em defesa da igualdade racial. Inscrições estão limitadas até terça-feira, dia 20, pelo email seminariointernacionalvalongo@gmail.com.
De 1811 a 1830, o Sítio Arqueológico Cais do Valongo foi o principal ponto de desembarque de escravos no país. Estima-se que 900.000 africanos tenham entrado no continente americano pelo Cais do Valongo. Os vestígios encontrados nas escavações das obras do Porto Maravilha destamparam a história daquele que já é considerado o maior processo de migração forçada já registrado na história da humanidade.
O encontro no MAR celebra – com alguns meses de atraso – um ano da decisão da 41ª reunião do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, em 9 de julho de 2017, em Cracóvia, Polônia. Na ocasião, o Comitê reconheceu o Cais do Valongo como sítio arqueológico único e excepcional. Tem enorme importância para a população negra, do ponto de vista material e em função das associações espirituais com as quais está relacionado.
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Confira a programação do Seminário Internacional:
Das 9h às 10h
Credenciamento e café de recepção
Das 10h às 11h30
MESA DE ABERTURA E ENTREGA DO TÍTULO DE PATRIMÔNIO MUNDIAL – CAIS DO VALONGO
Participam: Unesco, Iphan, Instituto Estadual do Patrimônio Artístico Cultural (Inepac), SMC, Conselho Municipal de Defesa Direitos do Negro (Comdedine), Conselho Estadual dos Direitos do Negro (Cedine), Instituto Pretos Novos e Quilombo Pedra do Sal
Das 11h30 às 12h10 (debate das 12h10 às 12h40)
MESA 1 – DESAFIOS NA INTERPRETAÇÃO DE SÍTIOS DE MEMÓRIA SENSÍVEL
Mediador: Marcelo Brito, diretor de Cooperação e Fomento do Iphan
Marcelo Martín, especialista em interpretação de sítios e professor associado da Universidad Pablo de Olavid, Sevilha, Espanha
Sherrill Wilson, primeira diretora de Interpretação e Educação do sítio arqueológico African Burial Ground National Monument, Nova Iorque, Estados Unidos
Das 12h40 às 14h
INTERVALO PARA ALMOÇO (VISITA MEDIADA À EXPOSIÇÃO “O Rio do samba: resistência e reinvenção” – OPCIONAL)
A GESTÃO DO VALONGO
Das 14h às 15h (debate das 15h às 15h30)
MESA 2 – MUSEUS DE MEMÓRIA SENSÍVEL – DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO
Mediador: Vinícius Natal, diretor do Museu do Território
Mr. Thiérry L’Etang – O caso do Museu ACTe de Guadalupe, França
Mrs. Deirdre Prins-Solani (equipe de desenvolvimento do museu) e Mr. Vuyo Mfanekiso (diretor de exposições e interpretação) – O caso de Robben Island (RIM – Robben Island Museum), complexo prisional em Cape Town, Patrimônio Mundial da Unesco da África do Sul, onde estiveram presos líderes do movimento anti-Apartheid, inclusive Nelson Mandela, por 27 anos.
Das 15h30 às 16h30 (debate das 17h30 às 18h)
MESA 3 – PROJETOS E RESULTADOS DA GESTÃO DO VALONGO
Sessão 1
Mediador: Mônica Lima, professora do Instituto de História da UFRJ e membro da equipe técnica convidada pelo Iphan para elaboração o Dossiê para a Unesco
Nilcemar Nogueira (secretária Municipal de Cultura) e Vinícius Natal (SMC) – O caso do Museu da Escravidão e da Liberdade como interpretação do Cais do Valongo e seu território
Instituto Pretos Novos, Quilombo da Pedra do Sal, Centro Cultural Pequena África, Remanescentes de Tia Ciata e Afoxé Filhos de Gandhi – O território da Pequena África, seus circuitos, interpretações e pesquisas
Martha Abreu (UFF-LABHOI) – A interpretação do território através de seus personagens
Das 16h30 às 17h30 (debate das 17h30 às 18h)
MESA 3 – PROJETOS E RESULTADOS DA GESTÃO DO VALONGO
Sessão 2
Mediador: Nilcemar Nogueira (secretária Municipal de Cultura)
Claudia Escarlate (Instituto Rio Patrimônio da Humanidade – IRPH) – O projeto do Laboratório Aberto de Arqueologia Urbana e o acervo arqueológico da região do Valongo
Comitê Gestor do Valongo – O plano inicial de Gestão do Sítio Arqueológico Cais do Valongo, suas diretrizes e resultados
Ricardo Piquet (diretor do Instituto de Desenvolvimento e Gestão – IDG) – Apresentação do projeto de consolidação e conservação do Cais do Valongo
Das 18h às 19h
Encerramento e posse do Conselho Consultivo do Museu de Território