O Governo Federal pretende criar um memorial no Palácio do Planalto, em Brasília, para expor as obras de artes vandalizadas durante os ataques terroristas do último dia 8 de janeiro. A exposição permanente será um marco em defesa da democracia.
Uma das obras danificadas pelos terroristas é o quadro As Mulatas, de Di Cavalcanti, principal peça do Salão Nobre do Palácio do Planalto e que foi rasgada em sete pontos. A obra é uma das mais importantes da produção de Di Cavalcanti e seu valor chegou a ser estimado em R$ 12 milhões por colecionadores de arte.
“O memorial é para deixar marcado, para que nunca mais possa acontecer outra violência desse nível com o intocável, que é a nossa democracia”, disse Margareth Menezes, ministra da Cultura. Ela afirmou que ainda está sendo feito levantamento da extensão dos estragos, incluindo valores sobre o que pode ser restaurado.
O caso mais delicado talvez seja o do relógio de Balthazar Martinot, um relógio de pêndulo do século 17, que foi um presente da Corte Francesa para Dom João VI, rei de Portugal que se mudou com a família real para o Brasil em 1808. O objeto foi completamente destruído pelos terroristas e dificilmente poderá ser recuperado. Martinot era o relojoeiro de Luís XIV, rei da França. Existem apenas dois relógios deste autor. O outro está exposto no Palácio de Versailles, mas possui a metade do tamanho da peça destroçada pelos invasores do Planalto, segundo a Agência Brasil.
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A Presidência da República divulgou um comunicado com a lista de bens e obras de arte vandalizados pelos terroristas, mostrando a situação de cada um:
No andar térreo:
– Obra “Bandeira do Brasil”, de Jorge Eduardo, de 1995 — a pintura, que reproduz a bandeira nacional hasteada em frente ao palácio e serviu de cenário para pronunciamentos dos presidentes da República, foi encontrada boiando sobre a água que inundou todo o andar, após os terroristas abrirem os hidrantes ali instalados.
– Galeria dos ex-presidentes — totalmente destruída, com todas as fotografias retiradas da parede, jogadas ao chão e quebradas.
No 2º andar:
O corredor que dá acesso às salas dos Ministérios que funcionam no Planalto foi brutalmente vandalizado. Há muitos quadros rasurados ou quebrados, especialmente fotografias.
No 3º andar:
– Obra As mulatas, de Di Cavalcanti — a principal peça do Salão Nobre do Palácio do Planalto foi encontrada com sete rasgos, de diferentes tamanho. A obra é uma das mais importantes da produção de Di Cavalcanti.
– Obra O Flautista, de Bruno Giorgi — a escultura em bronze foi encontrada completamente destruída, com pedaços espalhados pelo salão. Está avaliado em R$ 250 mil.
– Escultura de parede em madeira de Frans Krajcberg — quebrada em diversos pontos. A obra se utiliza de galhos de madeira, que foram quebrados e jogados longe. A peça era estimada em R$ 300 mil.
– Mesa de trabalho de Juscelino Kubitscheck — exposta no salão, a mesa foi usada como barricada pelos terroristas.
– Mesa-vitrine de Sérgio Rodrigues — o móvel abriga as informações do presidente em exercício. Teve o vidro quebrado.
– Relógio de Balthazar Martinot — o relógio de pêndulo do Século 17 foi um presente da Corte Francesa para Dom João VI. É uma peça de valor inestimável, não há outra igual no mundo.