Uma tragédia para o jornalismo. A morte do jornalista Ricardo Boechat em acidente de helicóptero na tarde desta segunda-feira, em São Paulo, deixou milhares de fãs e colegas em estado de choque. Políticos, celebridades e jornalistas se manifestaram, lamentando a morte de um dos âncoras mais populares do país.
Por volta das 14h, a Rádio BandNews FM informou que sairia do ar. Os colegas do jornalista pediram desculpas aos ouvintes e disseram que não estavam em condições de continuar a transmissão. Âncora da Band News, ele havia apresentado o seu programa matinal na emissora de rádio antes de embarcar na aeronave.
Na emissora de TV, José Luiz Datena foi quem anunciou a morte. “Se o Boechat estivesse aí vivo agora, ele diria que a vida vale a pena para caramba”, afirmou, chorando. “Maior jornalista do país por sua coragem, a forma de combater a corrupção, combater as injustiças, era uma das grandes referências da história do jornalismo brasileiro.”
José Simão, dupla de Boechat no quadro “Buemba! Buemba!” da Band News FM, também esteve no programa “Brasil Urgente”, apresentado por Datena, e se emocionou ao falar sobre o parceiro. “Nossa química foi instantânea. Foi quase no primeiro dia. Antes de entrar no ar, eu ouvia as opiniões dele sobre política, sobre tudo. Ele era um vulcão. Sabe vulcão quando entra em erupção? Boechat não tinha partido, preferência, antipatias ou simpatias eternas, era coisa do dia mesmo”, contou ao apresentador.
“Agora estou tentando digerir isso, essa nossa dupla que jamais será retomada. O que mais me dói é não poder falar com ele de manhã, entendeu? Isso que está me deixando mais devastado”, prosseguiu, tentando conter as lágrimas.
No Instagram, Veruska Seibel Boechat, esposa do jornalista, se manifestou sobre a morte. “Pior dia da minha vida”, escreveu na legenda de uma foto do casal se abraçando.
O helicóptero caiu sobre um caminhão no km 22 da Rodovia Anhanguera, próximo ao Rodoanel Mário Covas. Além de Boechat, também morreu o piloto, Ronaldo Quattrucci. O motorista do caminhão ficou ferido e foi socorrido.
Políticos
Nas redes sociais, o presidente da República, Jair Bolsonaro, foi um dos que lamentaram a morte do jornalista.
É com pesar que recebo a triste notícia do falecimento do jornalista Ricardo Boechat, que estava no helicóptero que caiu hoje em SP. Minha solidariedade à família do profissional e colega que sempre tive muito respeito, bem como do piloto. Que Deus console a todos!
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) February 11, 2019
Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado, também usou o Twitter para prestar suas condolências.
Foi em estado de consternação e tristeza que recebi a notícia da morte inesperada do jornalista Ricardo Boechat. Era um profissional reconhecido pelo trabalho e senso crítico aguçado revelado nos principais meios de comunicação do país. pic.twitter.com/bCOaLm0J5Z
— Davi Alcolumbre (@davialcolumbre) February 11, 2019
Rodrigo Maia (DEM-RJ), deputado federal e presidente da Câmara:
Recebo com tristeza a informação sobre a morte do jornalista Ricardo Boechat e do piloto do helicóptero que caiu nesta manhã. Boechat foi um dos grandes comunicadores do nosso país e uma referência de bom jornalismo e independência. Minha solidariedade a seus familiares e amigos.
— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) February 11, 2019
Hamilton Mourão (PRTB-RS), vice-presidente da República:
Manifesto meus sentimentos às famílias de #RicardoBoechat e do piloto do helicóptero, aos profissionais da Rede Bandeirantes, rádio e televisão, extensivos à classe jornalística, pela triste notícia do acidente que os vitimou. Deus no comando.
— General Hamilton Mourão (@GeneralMourao) February 11, 2019
Eduardo Suplicy (PT-SP), vereador:
Lamento profundamente as mortes do jornalista Ricardo Boechat, bem como as do piloto e do copiloto do helicóptero que caiu hoje na Grande São Paulo. https://t.co/ub6XQKNzyS
— Eduardo Suplicy (@esuplicy) February 11, 2019
Marcelo Freixo (PSOL-RJ), deputado federal:
Muito triste com a morte de Ricardo Boechat e do piloto Ronaldo Quattrucci. Boechat é um dos jornalistas mais importantes e competentes do Brasil. Vai fazer muita falta! Deixo minha solidariedade aos amigos e familiares do Boechat e do Ronaldo.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) February 11, 2019
Marina Silva (REDE-AC), senadora:
É com profunda tristeza que recebi a notícia da morte trágica do jornalista Ricardo Boechat. Boechat fará uma falta enorme ao jornalismo, ainda mais nesse momento do país. Que Deus conforte sua família, amigos e colegas de trabalho nesse momento de perda e dor.
— Marina Silva (@MarinaSilva) February 11, 2019
Wilson Witzel (PSC-RJ), governador:
Lamento profundamente a morte do jornalista Ricardo Boechat. Referência no jornalismo brasileiro, respeitado pela coragem e veemência na denúncia da má gestão pública e privada, Boechat com certeza deixará saudade em tantos ouvintes, telespectadores, leitores e admiradores.
— Wilson Witzel (@wilsonwitzel) February 11, 2019
Histórias
No Twitter, colegas e admiradores contaram histórias bem-humaradas que viveram com o jornalista.
Em um dos anos que Boechat ganhou o Prêmio Comunique-se, eu também ganhei. Por engano, o apresentador da cerimônia me entregou o troféu dele e deu o meu a ele. Nos falamos dias depois. E por sugestão de Boechat, jamais disfizemos a troca. Que falta ele fará a todos. Que falta!
— Blog do Noblat (@BlogdoNoblat) February 11, 2019
"Quer esse desenho?", perguntou Boechat em 2011, no congresso da @abraji, provavelmente depois de eu ter feito várias perguntas de foca. Ele destacou, com bom humor, que se retratou de sunga, cofrinho de fora e orelha de abano. De costas, estava de olho no que importa: o caminho pic.twitter.com/ZSpdsFQa8f
— Laís Alegretti (@laisalegretti) February 11, 2019
Em 2015, meu vôo foi cancelado e perdi um dia de trabalho. A companhia área não me deu documento algum que eu pudesse levar no trabalho e ter a minha falta abonada. O Boechat estava no vôo, escrevi pra ele pedindo ajuda e ele FOI ATÉ O MEU TRABALHO FALAR COM A MINHA CHEFE. pic.twitter.com/fe8UZwXIy3
— Ieda Marcondes?️? (@iedamarcondes) February 11, 2019
Morre o MAIOR jornalista do Brasil em qualquer mídia. Ele me batizou de “Pitonisa” e já fez até pegadinha comigo, quando mudo meus placares. Grande Boechat! Grande amigo! pic.twitter.com/2eQbs33MMb
— Milton Neves (@Miltonneves) February 11, 2019
Trajetória
Nascido em Buenos Aires em 1952, Ricardo Boechat fez seus estudos no Rio de Janeiro. Iniciou a carreira na década de 1970 no “Diário de Notícias”. Ao longo da vida, passou pelos principais veículos de comunicação do Brasil, como “O Globo”, “O Dia”, “O Estado de S. Paulo” e “Jornal do Brasil”.
Na política, teve uma breve passagem como secretário de Comunicação Social do governo do Rio, na gestão de Moreira Franco, em 1987.
Na televisão, foi comentarista da TV Globo e do SBT e, há mais de dez anos, ancorava o Jornal da Band. Atualmente, era o principal nome do jornalismo do grupo Bandeirantes, onde ancorava também a rádio BandNews FM. De segunda a sexta, ele apresentava um programa matinal na rádio. Além disso, também mantinha uma coluna na revista semanal IstoÉ.
Boechat venceu três prêmios Esso, o principal do jornalismo brasileiro, 17 edições do Prêmio Comunique-se, além de outras condecorações. É autor do livro “Copacabana Palace – Um Hotel e sua História”, sobre o tradicional hotel do Rio de Janeiro.
Ele vivia seu segundo casamento com Veruska Seibel desde 2005, com quem teve duas filhas. O jornalista deixa 6 filhos.
O editor do DIÁRIO DO PORTO, Aziz Filho, trabalhou com Boechat no jornal O Globo, na revista IstoÉ e no Jornal do Brasil. Ele relembrou um momento divertido de Boechat para manifestar sua admiração e saudade. “Boechat sempre foi um louco adorável. Quando O Globo proibiu cigarro na redação, a gente ia para o fumódromo. Mas ele xingava a regra nova e, para não perder tempo, fumava com a cabeça baixa, sempre ao telefone, e jogava a fumaça dentro da gaveta. Era a gaveta mais fedorenta da redação. E ele era o jornalista mais inquieto, curioso, indignado e atrevido que eu conheci. Vai fazer muita falta, mas viverá para sempre, como todo grande cara.”