
A presença do Aeroporto e da Base Aérea do Galeão na Ilha faz parte do cotidiano daqueles que moram na região, inclusive com uma imagem muito marcante logo na entrada do bairro, sendo tanto o portal pelo qual todos os moradores fazem a travessia sempre que vão trabalhar no Rio e o primeiro cartão de visitas de todos os turistas internacionais que chegam à nossa cidade.
Porém, mais do que um histórico ponto da partida e chegada de turistas brasileiros e estrangeiros, que é potencializada também pela presença da Base Aérea, o Galeão tem um forte impacto não só para a Ilha do Governador, mas também para bairros do entorno, como Bonsucesso, Ramos, Maré e a própria Cidade Universitária.
Estima-se que 60% dos empregos no Aeroporto Internacional, especialmente na área de serviços, são de moradores do bairro da Ilha do Governador. Portanto, o esvaziamento do Terminal tem impactos significativos na renda do bairro e em uma série de atividades, especialmente na logística de acesso.
O complexo do Galeão ocupa metade de toda área da Ilha, incorporando bairros ainda não formais como Tubiacanga. Sua existência é fundamental para limitar o adensamento do bairro e o avanço de comunidades como Vila Joaniza e Parque Royal!
Não é só o Aeroporto Internacional do Galeão, mas também o seu terminal de carga, o TECAR, como a base aérea militar associada, que fazem com que a Ilha tenha permanentemente um sistema de logística desobstruído, bem iluminado e com policiamento, em contraposição ao que tem acontecido nos últimos anos em seu entorno, especialmente na Linha Vermelha.
O esvaziamento do Galeão, fruto da crise econômica que vivemos, agravada pela pandemia, e especialmente pela inexplicável modelagem de licitação do Aeroporto Santos Dumont, em vias de ser praticada pelo Governo Federal, ameaça a sobrevivência do complexo, que, aliás, é uma operação privada feita por um grupo de Singapura, que lá opera o aeroporto mais moderno do mundo e portanto não é um amador na condução desses sistemas.
Assim, é evidente que a transferência contínua de voos, inclusive internacionais, para o Aeroporto Santos Dumont, motivada pela absurda modelagem que se faz para sua concessão no próximo ano, ameaça efetivamente a sobrevivência do Galeão, colocando em risco sua continuidade com impactos extremamente nocivos para a economia Fluminense, especialmente para bairros do entorno, mas principalmente para a Ilha do Governador.
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Frente em defesa do Aeroporto Internacional
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, ALERJ, e o Governo do Estado, fizeram um esforço recente reduzindo o ICMS do querosene de aviação para uma alíquota diferenciada e inferior à praticada no Santos Dumont, o que tem feito com que muitas rotas de partidas e chegadas comecem voltar a migrar para o Galeão. Mas isso não é o bastante diante de outras intervenções necessárias e que logicamente só serão possíveis caso o Santos Dumont, em sua modelagem de privatização, fique exclusivo a voos regionais, especialmente na ponte Rio/São Paulo e aviação executiva. Essa aliás sempre foi a vocação desse aeroporto, inclusive pelo seu tamanho de pista e o impacto sonoro e ambiental que produz em toda região da cabeceira da pista, que afeta diretamente bairros como Glória, Catete, Flamengo e Botafogo.
Portanto, apoiar a união de forças das diversas esferas políticas em prol da sobrevivência do Galeão, em uma visão coordenada de ações voltadas para preservação e até fortalecimento do Aeroporto Internacional, é fundamental, pois naquele Terminal já se registrou mais de 20 mil empregos diretos. Hoje, estão abaixo de 10 mil. Para cada emprego direto, cerca de 5 empregos indiretos são gerados na operação do Galeão, o que desdobra inclusive para setores comerciais, de lazer e alimentação da própria Ilha do Governador. Nesse sentido, na próxima sexta-feira o Senado realiza um audiência pública para debater a questão do Galeão. O reunião foi um pedido do senador Carlos Portinho, um dos principais articuladores da Frente em defesa do aeroporto. Será um momento importante para que possamos manifestar nossa contrariedade à modelagem proposta pelo Governo Federal na licitação do Santos Dumont e fortalecer a posição do Galeão como vetor do desenvolvimento econômico do Rio.
Com o esvaziamento do Estaleiro Ilha Eisa, antigo Emaq, e agora com o enfraquecimento do Galeão, a Ilha do Governador perde dois dos maiores polos de desenvolvimento econômicos dentro do bairro e isso, se não for revertido, trará reflexos em diversas áreas, inclusive na economia da região e nos aspectos sociais, que se refletem em aumento de desemprego e da insegurança pública. Às vezes, investimentos bem pensados e planejados no presente podem economizar muitos gastos no futuro, especialmente quando se trata do Poder Público. Precisamos de investimentos mais do que bem pensados.