O Museu Vassouras, inaugurado no último fim de semana, prepara para novembro a abertura ao público de sua primeira grande exposição. A mostra “Chegança” reunirá obras de importantes nomes da arte brasileira, como Beatriz Milhazes, Aline Motta e Sonia Gomes. Mas o grande destaque será a tela Composição (Figura Só) (1930), de Tarsila do Amaral, pertencente ao acervo do Masp (Museu de Arte de São Paulo).
Tarsila, uma das principais artistas do modernismo brasileiro, foi protagonista da Semana de Arte Moderna de 1922 e autora de quadros que são ícones da arte brasileira, como Abaporu e Antropofagia. Sua pintura uniu vanguardas europeias, como o cubismo, com temas, cores e símbolos da cultura nacional. A tela que estará em Vassouras reflete uma fase marcada pela síntese formal e pela valorização da figura humana, dialogando com o espírito de renovação que inspira a mostra.
Com curadoria de Marcelo Campos (Museu de Arte do Rio) e Thayná Trindade, a exposição será dividida em três núcleos — “Folias”, “Vapor” e “Milagre” —, propondo um mergulho nas tradições, memórias e transformações do Vale do Café, região composta por 15 cidades fluminenses.
Museu Vassouras funciona em casarão do século 19
O espaço cultural, uma iniciativa do Instituto Vassouras Cultural (IVC), ocupa 3.331 m² e inclui salas de exposição, auditório, ambientes multimídia, café, loja, pátio e jardins. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), o casarão, de 1853, foi transformado em um moderno museu, que busca recuperar suas características arquitetônicas originais, depois de ser detruído por um incêndio em 2013.
Segundo Ronaldo Cezar Coelho, idealizador do projeto, a inauguração representa mais do que a abertura de um novo equipamento cultural. “Mais do que um museu, este é um espaço de autoestima, de geração de renda e de valorização do nosso legado. O Vale do Café tem muito a contar, e agora tem um lugar para isso”, afirmou.
Ex-deputado federal e empresário do setor financeiro, Ronaldo Cezar Coelho, tem laços históricos e afetivos com Vassouras. Mais de 40 anos atrás, o empresário comprou a Fazenda São Fernando, uma propriedade cafeeira fundada em 1813 e que ele converteu em seu refúgio favorito. Ao longo das últimas três décadas, o empresário reconstituiu o bioma da região. Seguindo orientações técnicas da Embrapa, Ronaldo plantou 300.000 árvores nativas da Mata Atlântica no território da fazenda – e ainda planta 20.000 por ano.
Com programação educativa já iniciada desde janeiro, o Museu Vassouras pretende se consolidar como um polo cultural e turístico no interior fluminense.