Diário do Porto

MPF quer que Banco do Brasil faça reparação por apoio à escravidão

MPF debate seminário Genocídio Negro

Papel do Banco do Brasil durante a escravidão será discutido pelo MPF do Rio, no próximo dia 22 (foto: MPF RJ / Assessoria de Imprensa)

No próximo dia 22, será realizada uma audiência pública no Rio de Janeiro, convocada pelo Ministério Público Federal (MPF), para discutir ações de reparação pelo Banco do Brasil, devido à sua participação histórica no tráfico de pessoas durante o período da escravidão no país. A audiência poderá ser acompanhada remotamente, para isso é necessário fazer inscrição por meio do e-mail prrjprdc@mpf.mp.br. Após a confirmação da inscrição, será remetido o link do Zoom para participação.

O MPF quer que o Banco do Brasil destine recursos para ações de reparação aos descendentes das pessoas escravizadas, que foram sequestradas na África para trabalhos forçados no Brasil. A base para essa reivindicação é a constatação de que a instituição financeira se beneficiou com o tráfico de escravizados, durante o século 19, atuando como financiadora, direta ou indireta, da atividade.

No edital de convocação, o MPF, por meio da Procuradoria Regional de Direitos do Cidadão do Rio de Janeiro, chamou ao debate representantes do Banco do Brasil (BB), do Ministério da Igualdade Racial (MIR) e do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), além de todas as pessoas e entidades que já fizeram contribuições à consulta pública aberta em dezembro de 2023.

No último mês de agosto, o MPF emitiu recomendação ao Banco do Brasil e ao Ministério da Igualdade Racial para que fossem indicados recursos específicos para as ações de reparação e definidas medidas prioritárias, de modo que o pacto pela igualdade racial prometido pelo Governo Federal não se tornasse mera ‘carta de intenções’. Segundo o MPF, as “respostas à recomendação não foram claras sobre o seu acatamento”, e o cronograma estabelecido pelo próprio Banco do Brasil e pelo Ministério da Igualdade Racial para o programa de reparação não vem sendo cumprido.

Entre as medidas recomendadas em agosto e não cumpridas estão a indicação, no prazo de até 60 dias, de montante a ser destinado ao Programa de Reparação/Pacto pela Igualdade Racial, a ser lançado no próximo dia 20 de novembro, pelo próprio Banco do Brasil. 

Banco do Brasil diz que é preciso contextualizar sua atuação

O MPF abriu consulta pública em dezembro de 2023, pelo prazo de 60 dias, para que pessoas, entidades e movimentos sociais se manifestassem, por e-mail ou protocolo do MPF, sobre o inquérito, especialmente quanto à apresentação de propostas sobre formas de reparação pelo Banco do Brasil. Nesta consulta, o MPF recebeu mais de 500 propostas, apresentadas por 37 entidades e 34 pessoas físicas.

Na época, representantes do Banco do Brasil reconheceram o apoio da instituição financeira ao tráfico de escravizados, mas afirmaram que é preciso contextualizar essa participação, em um período em que a escravidão era legalizada no país. Por essa visão, embora historicamente reprovável, a ação do banco não constituiu crime, considerando as leis do tempo em que ocorreram.


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