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União da Ilha do Governador transformou simpatia e alegria em marca registrada no carnaval carioca


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O Barracão da escola na Cidade do Samba. Foto: Divulgação

No carnaval de 1953, os amigos Maurício Gazelle, Orphilo Bastos e Joaquim Lara de Oliveira decidiram fundar uma escola de samba para disputar os concorridos prêmios do carnaval da Ilha do Governador. Não poderiam imaginar que um simples grupo de amantes de samba e futebol estaria criando uma das escolas mais queridas da história do  carnaval carioca, a União da Ilha do Governador. O objetivo era só reunir jogadores e torcedores do União Futebol Clube, time do bairro do Cacuia, que não tinha uma escola de samba para torcer. Se pudessem prever o futuro, tomariam um porre de felicidade e iriam sacudir e zoar toda a cidade.

Em 7 de março de 1953, durante reunião no armazém de Maurício Gazelle, na Rua Itapissuma 252, foi fundada a Escola de Samba União (mais tarde, União da Ilha do Governador). As cores azul, vermelho e branco também foram inspiradas no União Futebol Clube. No mesmo dia, Maurício Gazelle foi eleito o primeiro presidente, e Paulo Amargoso foi o vice.

“É hoje o dia da alegria e a tristeza
Nem pode pensar em chegar
Diga espelho meu
Se há na avenida
Alguém mais feliz que eu”

Como a letra da música “É Hoje”, samba enredo de 1982, ainda não estava pronta naquele histórico encontro, restou aos amigos a alegria e muito trabalho para atravessar o mar e ancorar na passarela.

Em 1958, então penta-campeã do carnaval da Ilha, a União procurou a Portela, do grande comandante Natal, para ser a madrinha. Aurinho da Ilha e Didi fizeram uma composição para registrar o momento. A União da Ilha também cita a Portela em seu samba-enredo de 1980, no trecho “Obrigado madrinha Portela / Que me ajudou a caminhar”.

Grandes carnavais:

A bateria da escola ganhou o Estandarte de Ouro 2017. Foto: Paulo Portilho/Riotur

De 1977, com o enredo Domingo, a 1980, quando ficou em segundo lugar com o enredo ‘Bom, Bonito e Barato’, a União da Ilha fez bons desfiles. ‘É hoje’ (1982) é um dos sambas mais conhecidos e regravados da história. A escola levou para a Sapucaí desfiles leves, baratos e animados, sua marca registrada até hoje. As fantasias costumam ser leves, sem grandes esplendores, facilitando a evolução do componente.

A escola também consegue uma boa comunicação com o público. É uma das mais simpáticas. “O Amanhã”, samba-enredo de 1978, foi gravado por Elizeth Cardoso, mas foi com Simone, em 1983, que a música se popularizou.

Nos anos mais recentes, o desfile mais lembrado da União da Ilha foi o de  1989. O samba-enredo ‘Festa profana’ trazia o refrão “Eu vou tomar um porre de felicidade, vou sacudir, eu vou zoar toda cidade”. É cantando até hoje por todos os cantos. Naquele ano, a escola ficou em terceiro lugar. Perdeu pontos porque a bateria desfilou sem chapéus.

A União da Ilha tem dois títulos do Grupo 2, atual Série A do carnaval, em 1974 e 2009. Outro “título” memorável foi em 2011, com “O mistério da vida”, sobre a evolução das espécies e o cientista inglês Charles Darwin. Dias antes do desfile, o barracão da União da Ilha sofreu um incêndio de grandes proporções, que atingiu também PortelaGrande Rio, além do galpão da LIESA. Apesar do desastre, e de não ter sido julgada, a escola fez um desfile grandioso. Seus componentes desfilaram como que se disputassem o título. Além da simpatia do público, ganhou três troféus Estandarte de Ouro, do jornal O Globo, nas categorias Melhor Escola do Grupo Especial, Melhor Enredo e Melhor Intérprete, com Ito Melodia.