A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) foi fundada em 24 de julho de 1984, o ano de inauguração do Sambódromo, obra de Oscar Niemeyer, pelo governador Leonel Brizola e seu idealizador, o vice-governador Darcy Ribeiro. Naquela data, aconteceu a primeira reunião oficial entre as dez escolas de samba dissidentes da Associação das Escolas de Samba da Cidade do Rio de Janeiro.
As escolas fundadoras da Liesa foram: Acadêmicos do Salgueiro, Beija-Flor de Nilópolis, Caprichosos de Pilares, Estação Primeira de Mangueira, Imperatriz Leopoldinense, Império Serrano, Mocidade Independente de Padre Miguel, Portela, União da Ilha do Governador e Unidos de Vila Isabel.
A criação da Liesa foi o ápice de um movimento em busca de independência e poder de pressão das escolas de samba nas negociações sobre o “maior espetáculo da Terra”. Desde então, as agremiações passaram a chamar umas às outras de “co-irmãs”, reduzindo a histórica rivalidade.
Antes disso, cada tentativa de modernizar o espetáculo era rejeitada, e os impasses geravam desentendimentos graves, levando questões do samba para o lado pessoal de rixas entre os líderes das agremiações. “Só havia uma solução para resolver o entrave: a dissidência. E esta não demorou a acontecer”, conta o site da Liesa.
Segundo a entidade, a “luz que tiraria da escuridão as maiores escolas de samba da cidade” viria de uma conversa entre o então presidente da Unidos de Vila Isabel, Ailton Guimarães Jorge, com o amigo Castor de Andrade, presidente da Mocidade Independente de Padre Miguel. E veio em forma de minuta de Estatuto esboçado pelo advogado Randolfo Gomes, base do criação da Liesa. Castor de Andrade foi eleito à presidência para um mandato provisório de dez meses.
Com forte presença de grandes operadores do jogo do bicho, que é ilegal no país, a cúpula do samba gozou de muita influência social no Rio de Janeiro. Em seus camarotes no Sambódromo, sempre foi muito comum a presença de políticos, empresários e jornalistas. As relações das escolas de samba com artistas famosos e intelectuais contribuiu para naturalizar e até banalzar a presença dos bicheiros no noticiário social da cidade.
A cúpula da Liesa passou por um grande revés em 1993, quando os 14 maiores “banqueiros” do bicho do Rio foram condenados a seis anos de prisão, pena máxima para o crime de formação de quadrilha ou bando armado: Castor de Andrade; Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães; “Anisio” Abraão David; Luizinho Drummond; Antônio Petrus Kalil, o Turcão; Waldemiro Garcia, o Miro; Carlos Teixeira Martins, o Carlinhos Maracanã; José Petrus, o Zinho; Raul Capitão; José Caruzzo Escafura, o Piruinha; Haroldo Rodrigues Nunes, o Haroldo Saens Pena; Emil Pinheiro, Paulinho de Andrade (filho de Castor) e Waldemir Paes Garcia, o Maninho (filho de Miro).
O promotor Luiz Carlos Cáffaro reuniu provas de que dezenas de PMs haviam sido punidos pela corporação por envolvimento com os bicheiros. A partir daí, sustentou a tese de que os bicheiros formavam uma quadrilha para corromper funcionários públicos. A prisão dos bicheiros foi ordenada pela juíza Denise Frossard em uma audiência, uma semana antes da sentença. O Supremo Tribunal Federal (STF) reduziu a pena de dez anos para a metade, e a liberdade veio em menos de cinco anos.
Embora os patronos mantenham sua influência em grande parte das escolas, a gestão da Liesa ganhou mais profissionalismo. Em 2007, houve nova prisão de vários de seus líderes pela Operação Hurricane e a abertura de uma CPI na Câmara dos Vereadores para apurar denúncias de corrupção. Uma nova diretoria foi eleita, sob o comando de Jorge Castanheira, que não é bicheiro. Ele se mantém à frente da entidade.
A Liesa fica na Avenida Rio Branco, 4, bem na Praça Mauá. A estação do VLT mais próxima é a São Bento, a 160 metros de distância. Para quem chega de metrô também é fácil. A estação Uruguaiana fica a 700 metros do local. Para quem vai de carro, a Rua Dom Gerardo, número 64 (a 140 metros de distância), conta com um bom estacionamento rotativo.