O governador do Estado, Wilson Witzel, disse que desconhece o plano anunciado pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para combater o coronavírus em favelas. Segundo o ministro, o plano pode envolver até mesmo negociações com traficantes e milicianos.
Questionado sobre se teria recebido algum contato do Ministério da Saúde sobre a questão, Witzel respondeu negativamente. Mandetta declarou em Brasília, na quarta-feira, que o Governo Federal trabalha num plano piloto em uma comunidade para frear o avanço do doença em favelas do país.
O ministro disse que, se for preciso, é possível o diálogo com tráfico e milícia em nome da saúde pública. “Começamos o primeiro plano de manejo, e eu não vou dizer em qual comunidade, porque ali você tem que entender a cultura, a dinâmica. Entender que são áreas onde, muitas vezes, o Estado está ausente, onde quem manda é o tráfico, a milícia”, afirmou.
Mandetta completou que “a saúde dialoga, sim, com o tráfico, com a milícia, porque eles também são seres humanos e também precisam colaborar, ajudar, participar. Então, neste momento, quando a gente faz este tipo de colocação, a gente deixa claro que todo mundo vai ajudar, fazer sua parte”.
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No Rio, de acordo com os dados da Prefeitura, foram registradas 41 casos de Covid-19, a doença causada pelo coronavírus, em 8 favelas da cidade, com 6 mortes. As comunidades afetadas até agora são: Rocinha (14 casos e 2 óbitos); Manguinhos (7 casos e 1 óbito); Vigário Geral (5 casos e 2 óbitos); Parada de Lucas (5 casos); Mangueira (4 casos); Cidade de Deus (3 casos); Maré (2 casos e 1 óbito) e Vidigal (1 caso).
Na semana passada, Mandetta já havia dito que o Ministério da Saúde vinha trabalhando em um plano específico para o combate ao coronavírus nas favelas. Na ocasião, ele disse que se trata de uma ação complexa e que exige um “grande sacrifício” dos moradores das comunidades, aos quais ele pediu que continuassem a adesão às medidas de isolamento social.